Mais da metade dos professores da rede pública de ensino de Minas Gerais – municipal e estadual – precisa se desdobrar em jornadas de trabalho estendidas para garantir uma renda adicional, mas ainda inferior a três salários mínimos.

No Estado, a maior parte dos profissionais com apenas um emprego recebe entre R$ 1.018 e R$ 1.356, enquanto a maioria dos que exercem uma atividade extra tem remuneração entre R$ 1.696 e R$ 2.034.

Esse cenário foi revelado por levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação, baseado em um questionário aplicado a mais de 24 mil professores mineiros. No Brasil, foram ouvidos mais de 225 mil profissionais.

Efeito

O resultado da sobrecarga, na avaliação de especialistas e dos próprios docentes, é a deficiência na qualificação profissional e na qualidade do ensino. “Com dupla e até tripla jornada, o professor será impedido de planejar as atividades de sala de aula e isso tem impactos profissional e pessoal”, afirma a coordenadora-geral do movimento Todos pela Educação – responsável pela compilação dos dados do Inep –, Alejandra Meraz Velasco.

De acordo com ela, é preciso começar a promover mudanças, mesmo que de maneira gradativa, começando pela contratação dos servidores das escolas públicas.

“Os gestores devem planejar melhor os próximos concursos – já que alterar a situação das pessoas que já foram contratadas é mais difícil – considerando o vínculo do professor com a profissão em função da jornada”, avalia.

 

Segundo ela, se pudesse ter uma carga horária maior, aliada a um salário mais alto, a opção seria, sem dúvidas, “por apenas um emprego e mais dedicação a ele”.

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