Na edição 910 do Jornal Nova Imprensa, que circulou no dia 25 de julho de 2014, foi noticiado a respeito do prosseguimento nas obras do novo Parque Municipal Dr. Leopoldo Corrêa (Praia Popular), por parte da Secretaria de Obras. A matéria que mereceu manchete de capa informava: Sem projeto e sem recursos prefeito inicia obras da ?nova Praia Popular?.
Antes disso, no início do mesmo mês, a arquiteta recém-formada, Jéssika Gondim Santos, em visita ao Gabinete Municipal, já havia ofertado ao prefeito Moacir Ribeiro, gratuitamente, um projeto arquitetônico de sua autoria que fora apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), sob a orientação do professor Olávio José da Costa Neto e aprovado com 97 pontos pela banca examinadora do Unifor-MG, onde a jovem concluiu o curso em dezembro de 2013.
?Durante um ano inteiro me dediquei a esse projeto que levou em consideração todas as características do local. A topografia, como era a área antes das construções, o que foi erguido no terreno, a depredação havida e minha proposta de revitalização total do espaço, levando em conta, inclusive as possibilidades de inundação no período das chuvas?, comentou a profissional.
Quando da apresentação do projeto a Moacir Ribeiro, o chefe do Executivo se mostrou bastante interessado e chegou a convocar de imediato o chefe de Gabinete, Jose Terra de Oliveira Júnior (Terrinha); o secretário de Comunicação, Flávio Roberto Pinto e o secretário de Obras, Paulo Cohen para que conhecessem a proposta da arquiteta. De acordo com Jéssika, após a exibição do vídeo com o resumo do projeto, o prefeito afirmou que não seria mais necessária a realização do concurso (que chegou a ser divulgado pelo próprio Moacir, em um programa de rádio no dia 17 de abril, afirmando que pagaria como premiação até R$30 mil para a melhor proposta que seria, então, executada no parque).
Uma cópia do projeto de Jéssika, em arquivo PDF, foi entregue ao secretário de obras naquela oportunidade. Desde então, a arquiteta não foi mais procurada pelos representantes do município.
Após a divulgação de matéria por este jornal, dando conta da inexistência de projeto, quando se informou que o município buscava recursos junto ao Ministério do Turismo em Brasília, informação esta confirmada pela própria administração municipal, Jéssika, estranhando o fato, procurou a redação e voltou a afirmar que o projeto estaria à disposição do município. ?Como não entendo bem dos trâmites legais à respeito das doações feitas ao município e se de fato for verificado que algum valor precisa ser repassado a mim, de antemão deixo claro o meu desejo de que essa quantia seja então dividida entre o Tatame do Bem, a Apae, a Asadef e o Asilo São Francisco de Assis como doação?, afirmou a arquiteta que explica o motivo da cessão do projeto. ?Acabei de me formar e entendo que meu projeto pode ser útil ao município diante do grande problema encontrado no espaço do Parque Municipal. Será uma honra ceder minha proposta para a população da cidade, o que reverterá em divulgação do meu trabalho?.

O projeto
O conceito do projeto elaborado para uma área de 5.754,11 m² (contando com as passarelas) foi inspirado na árvore, por sua necessidade de ser sempre cuidada e ainda por representar subjetivamente a vida e as gerações. A proposta foi criar uma analogia entre a árvore e o patrimônio público, que no caso do Parque Municipal, por falta do devido cuidado (como ocorre com a maioria das árvores em espaços públicos) acabou depredado e já não podia mais oferecer lazer aos munícipes, fim para o qual fora construído.
Ainda mantendo essa proposta, o projeto arquitetônico do parque municipal foi feito em formato de uma folha de árvore e na área seria construído: portaria, estacionamento, lanchonete, a edificação principal (erguida sobre pilotis para se evitar inundações), onde deve ser construída a área administrativa do parque biblioteca, academia e um restaurante. Ao seu redor, quadras, ciclovia, pista de caminhada, píer e um monumento em bronze, no formato da árvore.
O diagnóstico que baseou o projeto de conclusão de curso da arquiteta apresenta informações sobre a história do espaço, levando em consideração a importância do parque para os formigueses e o que motivou sua construção ainda no início da década de 80. Foram feitos vários levantamentos que duraram cerca de cinco meses e resgataram parte da história, uma vez que nos arquivos públicos há apenas fotos da construção e de sua inauguração.

Conheça o projeto da arquiteta

Nota da Redação: Ao cobrarmos novamente mais detalhes sobre o pedido de financiamento em tramitação em órgãos federais sem que haja projeto para tal, (conforme relatado em nota oficial distribuída à imprensa pela Prefeitura), também perguntamos:
? Foi descartado de uma vez por todas, pela municipalidade, o projeto ora doado e que, poderia ainda sofrer modificações que resultassem em diminuição do custo, ou nele feitas outras adequações se a municipalidade assim entendesse?
? Não seria o caso, diante das promessas feitas pelo prefeito em programa radiofônico e de TV, também divulgadas pela mídia escrita, de se tornar pública esta oferta da jovem arquiteta formiguense, inclusive, providenciando uma maquete que talvez pudesse vir a ser exposta à população, para que ela assim se envolvesse na busca de solução do grave problema criado a partir da demolição da estrutura física que existia naquele logradouro público?
Resposta da Prefeitura

Em resposta aos questionamentos feitos pela redação, a secretaria de Comunicação do município enviou a seguinte nota: ?O projeto apresentado à Prefeitura, apesar de sua notória qualidade e sofisticação, a princípio se mostra inviável economicamente, de acordo com uma primeira avaliação da equipe técnica da Secretaria de Obras. A recuperação da Praia Popular será feita por etapas. A prioridade no momento é deixá-la em condições de uso, mesmo sem obras estruturais de grande porte. Já o projeto arquitetônico será desenvolvido por uma comissão, que inclui representantes dos cursos de engenharia e arquitetura do Unifor e da Prefeitura. Mesmo este projeto passará por uma avaliação do corpo técnico da Secretaria de Obras para avaliar sua viabilidade. Enquanto isso, a Prefeitura de Formiga continua batalhando, com confiança, pela liberação dos recursos junto ao Ministério Turismo. Esses recursos são necessários para construir um novo Parque Municipal que garanta não só o lazer da população, mas também sua segurança?.

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