Na verdade, hoje há mais do que os cinco Ss mencionados. Tem mais o de transportes, o Senat, e o Sebrae e o das cooperativas. Todas essas siglas, muito conhecidas, arrecadam em Minas mais de 2 bilhões por ano, apesar de que ninguém sabe disso e nunca se divulga com transparência esses números. E de onde vem esse dinheiro, que é  administrado pelas entidades empresariais? De um porcentual da folha de pagamento. Portanto, é dinheiro pago pelo assalariado e administrado pelos empresários. A favor de  quem? Teoricamente, a favor dos funcionários. As entidades são controladas pelos Conselhos, que têm representantes dos trabalhadores e prestam suas contas ao Tribunal das Contas da União, o TCU.

Em várias gestões dessas entidades aconteceram, em graus diferentes, compreensões diferentes dos projetos que deveriam beneficiar os trabalhadores. Uma entidade do comércio adquiriu umas fazenda de 180 ha transformada, em parque temático com estrada de ferro e hotéis no Estado do Rio, longe do mar, para onde o trabalhador não pode ir porque não tem dinheiro para isso. Outra entidade está fazendo um laboratório de medições elétricas, que custará no mínimo 1 bilhão de reais, ao lado do seu único cliente: uma fábrica pertencente aos diretores da entidade. Claro que a justificativa para tanto é mais ampla. A compra de prédios e instalações, que nada têm a ver com o bem estar social e a educação dos trabalhadores, faz parte de uma lista tão longa que seria necessária uma edição especial do jornal.

Na crise, a arrecadação caiu em todos os setores. Os 12 milhões de desempregados não contribuem mais para o sistema S. E aí, começaram os ajustes, que levaram ao fechamento de várias unidades de educação, em especial no interior, inclusive nas terras do José Alencar, ex-Presidente da FIEMG, em Muriaé e Caratinga, mas não prejudicaram o projeto de laboratório de interesse especifico. Foram vendidas outras entidades para prefeituras, que já quebradas assumiram um ônus adicional, como é o caso de Poços de Caldas, mesmo que as indústrias continuem arrecadando e pagando serviços do sistema S.

Em resumo, não ha dúvida alguma de que o Sistemas S, mesmo assim, ainda é mais eficaz e eficiente do que alguns sistemas dirigidos pelo Estado. Por exemplo, as unidades móveis do SENAI, iniciadas na gestão do dr. Nansen Araújo na FIEMG e continuadas na atual, são belo exemplo dessa eficácia. Mas, a redefinição dos objetivos dessas entidades, em função dos novos tempos, inclusive da necessidade de reduzir custos sobre a folha de pagamento,  da maior transparência e seguindo o exemplo do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde a arrecadação compulsória representa só 20 % da receita e há uma transparência que vai além da aliança dos objetivos de empresários e trabalhadores, pode ser a solução. Efetivamente, o corte horizontal proposto no governo anterior não é. Mas, também não é aceitável a situação que existe em algumas entidades. Seria até saudável para todos se os órgãos de fiscalização fossem mais ativos e não arquivassem os processos quando se referem a entidades que arrecadam dinheiro do trabalhador.

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