Muitas críticas e poucas propostas surgiram no debate entre os candidatos ao governo de Minas Gerais, nesta terça-feira (30), na TV Globo. Mesmo quando a regra do programa determinava temas, os candidatos preferiam usar perguntas, réplicas e tréplicas para o ataque ou a defesa do que se fez ou deixou de fazer nos últimos anos em Minas e no Brasil.
Como não poderia deixar de ser, Pimenta da Veiga (PSDB) focou seus ataques no governo federal, culpado de praticamente tudo o que anda de errado em Minas, na avaliação dele. Fernando Pimentel (PT), por sua vez, apontou na gestão tucana a fonte de todos os problemas para o cidadão mineiro. Enquanto isso, Fidélis Alcântara (PSOL) e Tarcísio Delgado (PSB) atiraram tanto no PT quanto no PSDB. Enquanto Fidelis fez ataques até à imprensa, Tarcísio só deixou a ofensiva quando defendeu suas realizações na Prefeitura de Juiz de Fora. Nada muito diferente do que se viu em toda a campanha até aqui.
Chamou a atenção também a estratégia de Fernando Pimentel, que evitou o embate direto com Pimenta da Veiga. Ele não fez uma pergunta sequer para o rival tucano. Por ter sido indagado pelos outros dois candidatos, viu Pimenta com poucas oportunidades de enfrentá-lo diretamente. Por isso, o petista só precisou responder perguntas do adversário três vezes. Em duas delas, de acordo com o regulamento, com temas definidos na área de tarifas e dívida públicas. Na única vez em que pôde perguntar livremente para o petista, Pimenta quis saber sobre o fato de o adversário ter perdido a eleição para o Senado, além de atacar sua gestão no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Esquenta o debate
O momento mais quente do debate se deu no final do segundo bloco. Foi quando, na réplica da pergunta sobre dívida pública, Pimenta da Veiga acusou Fernando Pimentel de mentir. Exaltando-se, o tucano reclamou das acusações de que não mora em Minas e citou o fato de o petista ter um apartamento em São Paulo. O candidato do PT disse lamentar a postura do adversário, acusando-o de vestir um personagem criado por seus marqueteiros, mas que não convence.
Além de defender o governo de Minas, Pimenta da Veiga acusou o governo federal de tirar dinheiro de Minas Gerais, tanto promovendo desonerações de impostos que seriam repassados pelo Estado, quando atuando para tirar empresas de Minas Gerais. Ele ainda apontou o que chamou de irresponsabilidade de mexer nas tarifas de energia elétrica, em referência à redução dos preços da conta de luz promovida por Dilma a despeito das análises técnicas das distribuidoras. Ele ainda atacou a gestão de Fernando Pimentel no ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, afirmando que o candidato do PT foi reprovado em sua gestão na Pasta.
Enquanto isso, o petista criticou a política cultural do Estado, afirmando que os recursos estão concentrados na região Central que, segundo ele, recebeu 80% das verbas do setor. Além disso, ele atacou o fato de, na sua avaliação, o governo mineiro não pagar o piso do magistério, além de não promover a infraestrutura nas escolas, sobretudo no interior. Ao defender suas ações no ministério do Desenvolvimento, Pimentel afirmou que, ao contrário, Minas não fez seu dever de casa para atração de indústrias e condução da economia. Ele ainda atacou o acordo realizado entre o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o então governador Eduardo Azeredo, na década de 90, para a dívida mineira com a União, a juros extorsivos.
Tarcísio, além de endossar as críticas dos dois lados, tentou passar a ideia de que os principais adversários têm a mania de culpar um ao outro pelo problema. Fidélis, por sua vez, criticou a política habitacional tanto em Minas quanto no nível federal. Ele criticou o programa Minha casa, Minha Vida, do governo Dilma, e a adoção de força policial para a retirada de famílias em terrenos ocupados. Atacou o ProAcesso, programa de asfaltamento do governo mineiro elogiado até por Fernando Pimentel.
Nas considerações finais, após apresentar sua carreira, Pimenta da Veiga disse que a candidatura do PT só prega o ódio e a mentira. Já Tarcísio Delgado citou a possível eleição de Marina Silva e prometeu austeridade no governo. Fernando Pimentel alegou ter feito uma campanha propositiva e prometeu um governo regionalizado e aberto à participação. Fidélis Alcântara afirmou que o sonho continuará mesmo depois das eleições e pediu votos para a coligação nas eleições proporcionais.

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