Não houve, e provavelmente nunca haverá, outro Mazzoropi. Claro que surgiram imitadores, mas nenhum deles tinha o talento, a simpatia, para sequer chegar perto. Mazzaropi foi um fenômeno único na História do cinema brasileiro , um ídolo de grande popularidade que, mesmo no auge da televisão, continuava a fazer exclusividade no cinema. Apesar de ironicamente ter começado na TV. E seus fãs nunca desertaram ou o esqueceram. Até hoje.
Por isso, a Biblioteca Municipal Dr. Sócrates Bezerra de Menezes traz como indicação de leitura da semana o livro ‘Mazzaropi, uma antologia de risos’ do autor Paulo Duarte.
A indicação faz parte do projeto “No meio do caminho tem um livro” uma parceria entre o portal e as bibliotecas públicas da cidade.
Resenha
É lendo o livro que o leitor descobre que por trás do riso do palhaço havia a presença de uma tragédia muito brasileira. Enquanto vivo, e mesmo morto, Mazzoropi foi desprezado pela crítica e pela imprensa em geral (em parte porque vivia isolado em seus domínios no Vale do Paraíba, saindo apenas para o lançamento de seus filmes).
E por vezes, ficou amargurado, ressentido, o que transparece nas entrevistas e, de certa forma, nos filmes. Essa falta de reconhecimento não é assim tão fora do comum, já que praticamente todos os países tiveram seus comediantes regionais e foram rejeitados justamente por serem populares.
Talvez Mazzaropi tenha morrido cedo demais. Mas será que o Brasil de hoje ainda teria espaço para ele? O Brasil continua a ser um grande interior, e a simplicidade, a engenhosidade do que é ser brasileiro e com muito orgulho, matuto, nunca foi mais bem caracterizada por ele e seus Jeca Tatu e Pedro Malasarte, que numa revisão são muito menos caricaturais do que poderiam parecer.
O problema é que o estilo de humor de Mazzaropi parece ter desaparecido com ele, até porque não deixou sucessores.
Redação do Jornal Nova Imprensa