O ministro do Esporte, Orlando Silva, vai entregar sua carta de demissão nesta quarta-feira (26) em encontro com a presidente Dilma Rousseff, marcado para as 15h.
Orlando Silva vai reafirmar sua inocência à presidente e dizer que a sua saída do comando da pasta será melhor para o Brasil. O nome de consenso do PCdoB para substituí-lo é o do deputado federal Aldo Rebelo, ex-ministro de Relações Institucionais do governo Lula. Além de Aldo, o nome que passa a ser citado por integrantes da legenda é o da deputada e ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PE).
Neste momento, a bancada do PCdoB está reunida na liderança do partido. O cuidado da bancada é para que não haja nenhuma imposição e para que seja um nome do agrado da presidente Dilma Roussseff. Também concorre à vaga o maranhense Flávio Dino, atual presidente da Embratur, advogado, ex-juiz e ex-deputado do PCdoB, segundo o blog de Ancelmo Gois .
Entenda a crise no Ministério do Esporte
Orlando Silva é alvo de denúncias desde que foi acusado pelo policial militar João Dias Ferreira, em reportagem publicada pela revista Veja, de comandar um suposto esquema de desvios do Ministério do Esporte e de ter recebido um pacote com notas de R$ 50 e R$ 100 na garagem do ministério, o que ele sempre negou.
Politicamente, a situação dele piorou depois que o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquérito para investigá-lo, a pedido da Procuradoria Geral da República.
Policial militar e motorista
Na edição do último dia 15, a revista Veja publicou entrevista com o policial militar João Dias Ferreira, preso pela Polícia Civil de Brasília em 2010 durante a Operação Shaolin, que investigou desvios no Ministério do Esporte.
João Dias afirmou, segundo a publicação, que o ministro comandou um esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, que visa incentivar a prática esportiva entre crianças e adolescentes. Conforme a revista, o suposto esquema teria desviado cerca de R$ 40 milhões da pasta nos últimos oito anos.
De acordo com a revista, a fraude ocorria após o repasse de verbas do programa para organizações não governamentais (ONGs). As entidades, diz a denúncia, só recebiam a verba após o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor do convênio. O partido do ministro também teria sido beneficiado com o esquema. O dinheiro, diz a revista, chegou a ser usado em campanhas eleitorais. O PC do B, aponta a Veja, indicava fornecedores e obtia notas fiscais frias para justificar despesas.
Veja também ouviu Célio Soares Pereira, que seria um faz-tudo no ministério. Ele afirmou que chegou a entregar dinheiro nas mãos de Orlando Silva. A revista diz que atualmente Célio Pereira trabalha em uma academia de ginástica do policial militar João Dias Ferreira.
Depoimentos no Congresso
No mesmo dia em que as denúncias foram publicadas, o ministro, em viagem ao México, convocou uma entrevista coletiva para rebater as denúncias.
Na terça (18), foi à Câmara dos Deputados falar sobre as acusações. ?Faça e prove o que diz. Até aqui, esse desqualificado não provou. Não provou porque não tem provas. Quem tem provas do malfeito dele sou eu, que estão aqui, disse o ministro, brandindo, sob os aplausos de deputados, papeis do processo judicial ao qual João Dias Ferreira responde por suposto desvio de verba pública e enriquecimento ilícito.
Em audiência no Senado, disse que a denúncia é uma tentativa de tirá-lo à força do ministério. Afirmou também que a acusação é uma reação pela cobrança de cerca de R$ 3 milhões de ONGs do policial por suspostas irregularidades em convênios com o Ministério do Esporte.

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