Se a humanidade quiser evitar potenciais efeitos catastróficos do aquecimento global, deve promover o quanto antes uma revolução na maneira como gera energia, priorizando fontes com pouco ou nenhum impacto nas emissões de gases-estufa. Essas indicações estão no novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC). ?O trem-bala da mitigação teria de deixar a estação logo, e a sociedade teria de embarcar?, disse Rajendra Pachauri, presidente do painel.
O documento também aponta que projetos sustentáveis de urbanização de futuras cidades da Ásia e da África seriam cruciais para reduzir o aquecimento da Terra. As áreas urbanas do mundo devem crescer em quase duas vezes o tamanho de Manhattan, nos Estados Unidos, por dia até 2030.
Cientistas dizem que é crucial evitar a elevação de 2°C na temperatura média da Terra, que traria riscos e mudanças de alto impacto, como o derretimento do gelo da Groenlândia, cujo custo poderia ser inaceitavelmente alto. No atual ritmo de emissões de gases do efeito estufa, a ONU sugere que a elevação de 2°C será atingida mais cedo, e não mais tarde.
Caso as emissões sejam reduzidas, mas permaneçam em níveis elevados, os cientistas indicam que o aquecimento global atingirá de 1°C a 2,2°C acima dos níveis pré-industriais até a metade deste século. Mas se as emissões forem mantidas no nível atual, a previsão para a metade do século é uma elevação de 2°C a 3,2°C acima dos níveis pré-industriais. ?Somente uma grande mudança institucional e tecnológica dará uma chance maior de 50% de que o aquecimento global não supere aquele limite?, diz o relatório.
O IPCC conclui que as emissões dos gases que provocam o efeito estufa terão de ser reduzidas até meados do século em 40% a 70%, em comparação com o nível de 2010, e para perto de zero até o fim do século.
O documento é a última parte da trilogia que compõe o Quinto Relatório de Avaliação (AR5) do IPCC, e tem a função de subsidiar os formuladores das políticas climáticas, além de ser importante nas negociações do próximo acordo do clima, em 2015.
Dever de casa
Embora o Brasil tenha diminuído significativamente suas emissões evitando o desmatamento da Amazônia, outros setores cresceram, sobretudo a geração de energia. ?O país já sente na pele os efeitos adversos do clima, que deve fica ainda mais hostil. Isso precisa ser discutido nestas eleições?, avaliou Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima.

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