Um fuzil de alto impacto de calibre militar .50 e fabricação caseira foi apreendido na Vila Cruzeiro, na Penha, pela Polícia Militar. Segundo o primeiro-tenente Fábio Lecin, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), essa é a primeira vez que policiais militares encontraram uma arma desse calibre com traficantes no Rio. Na semana passada, durante operação na Vila Cruzeiro, foram apreendidas munições do calibre.
Segundo o tenente, houve confronto quando os policiais chegaram à casa onde estava a arma, mas os bandidos conseguiram fugir. A polícia acredita que, apesar da presença do Bope na favela, alguns bandidos ainda estejam escondidos na comunidade.
Recebemos uma denúncia sobre um paiol e fui com a minha guarnição de dez homens verificar o local. Encontramos três homens na laje da casa, que resistiram, mas acabaram fugindo, deixando o armamento para trás, afirmou o tenente Lecim. Desde o início da operação, 15 pessoas morreram e 14 suspeitos foram presos.
Apesar de o Bope ter hasteado a bandeira (preta com o símbolo da caveira) no ponto mais alto da favela, Lecim reconheceu que o Complexo da Penha, vizinho ao do Alemão, ainda não está dominado pela polícia. A situação está mais fácil porque era impossível chegarmos antes onde a arma foi apreendida. No entanto, encontramos marginais na contenção e resistência. Nosso objetivo e orientação é o domínio total da área, afirmou.
Com o apoio de PMs do BPM, cerca de cem homens do Bope ocupam pontos da favela – 20 ficam concentrados no posto avançado montado na sede do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (GPAE) e 80 patrulham a favela. Apesar de quase todas as barricadas dos traficantes terem sido removidas, o entulho ainda não foi retirado das estreitas ruas da comunidade. A luz ainda não foi restabelecida em todo o local, segundo os moradores.
O poderio bélico dos traficantes da Vila Cruzeiro e do Alemão provocou dois incidentes no tráfego aéreo. Em julho, um aparelho da Força Aérea Brasileira (FAB) foi atingido com um tiro de fuzil e forçou a Aeronáutica a recomendar aos pilotos a altura de 1.500 pés (457,2 metros) ao sobrevoar a região.
Em outubro, um helicóptero da FAB também foi alvejado. O tiro atingiu o lado direito do aparelho, danificou o painel de controle e forçou o pouso imediato. Ninguém ficou ferido. Escutas da polícia mostraram que os traficantes comemoraram o feito.
Organizações não-governamentais (ONGs) devem divulgar nos próximos dias um documento com críticas à operação na Vila Cruzeiro e condenando as declarações do coronel da PM Marcus Jardim, do 1º Comando de Área da Capital, que disse após as mortes e prisões na favela que a PM é o melhor inseticida social.

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