Sem estabilidade, Dilma muda um ministro a cada 22 dias

Desde 2011, 85 pessoas já ocuparam o comando das pastas que definem o futuro do país.

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Desde 2011, 85 pessoas já ocuparam o comando das pastas que definem o futuro do país.

Com 90 dias de seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff já teve 85 diferentes ministros desde que tomou posse pela primeira vez, em janeiro de 2011. Em média, o governo da petista tem uma troca de ministros a cada 22 dias, número que salta aos olhos, mesmo levando em consideração que o país possui 39 ministérios. Foram 70 mudanças em 1.555 dias de mandato.
Logo em seu primeiro ano de mandato, a presidente Dilma tirou sete ministros que de alguma forma foram citados em escândalos. Foi o que ficou chamado na época de ?faxina ministerial?. Na ocasião, a presidente chegou a ser elogiada pela postura de retirar colaboradores que estavam sob suspeita. No entanto, alguns acabaram retornando depois, desfazendo a imagem de ?faxineira?.
A tônica de 2011 se manteve nos anos seguintes, sobretudo em períodos pré-eleitorais. Em 2012 e 2014, por conta das disputas nos municípios e Estados, vários ministros que desempenhavam papéis relevantes deixaram suas funções para serem testados nas urnas. Assim se deu com Fernando Haddad, que deixou o cargo na Educação para disputar e vencer a eleição para a Prefeitura de São Paulo, e Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e que fracassou na tentativa de conquistar o governo de São Paulo.
A tática de trocar ministros continua com ainda mais força neste segundo mandato. Em três meses deste ano já foram anunciadas quatro trocas ministeriais, além das tradicionais mudanças de início de gestão. Perderam o cargo Marcelo Neri, de Assuntos Estratégicos, Vinícius Lages, do Turismo, Thomas Traumann, da Comunicação, e Cid Gomes, da Educação.
Com a saída de Cid, a pasta que cuida do maior orçamento do país alcança o quinto ministro em quatro anos e três meses. Com isso, o MEC se iguala aos ministérios de Transporte; Agricultura; Pesca; e Desenvolvimento Agrário, que também já trocaram de mãos quatro vezes.
Manter-se no cargo não é desafio fácil de vencer. Atualmente, apenas cinco ministros permanecem desde o primeiro mandato da presidente. Destes, o advogado geral da União, Luís Inácio Adams, é o que está há mais tempo no cargo. Ele foi empossado em outubro de 2009, ainda pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pouco tempo depois, em abril de 2010, a ainda ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira chegou à Esplanada dos Ministérios.
Críticas. Se são muitas as trocas, também são muitos os ministérios. O grande número tem gerado ataques até mesmo da base aliada, incluindo o PMDB, partido que tradicionalmente pressiona o Executivo para ter o maior número de pastas sob seu domínio. Atualmente, a legenda controla seis pastas: Portos; Minas e Energia; Aviação Civil; Pesca; Agricultura e Turismo.
O peemedebista e presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), propôs, em meados de março, uma proposta de emenda à Constituição que limita o número de ministérios em 20.
Na última sexta-feira foi a vez de o vice-presidente Michel Temer reforçar a proposta de enxugar o número de pastas.
?Se houver uma decisão presidencial de redução de ministérios, o PMDB está disposto a conversar e até entregar o que seja necessário?, afirmou.
Moeda de troca
Funciona? Mesmo ampliando o número de ministérios e incluindo políticos aliados no comando de cada um deles, o governo tem tido cada vez mais dificuldade de domar sua base no Congresso.

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Sobre o autor

André Ribeiro

Designer do portal Últimas Notícias, especializado em ricas experiências de interação para a web. Tecnófilo por natureza e apaixonado por design gráfico. É graduado em Bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Sem estabilidade, Dilma muda um ministro a cada 22 dias

Desde 2011, 85 pessoas já ocuparam o comando das pastas que definem o futuro do país.

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Desde 2011, 85 pessoas já ocuparam o comando das pastas que definem o futuro do país.

 

Com 90 dias de seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff já teve 85 diferentes ministros desde que tomou posse pela primeira vez, em janeiro de 2011. Em média, o governo da petista tem uma troca de ministros a cada 22 dias, número que salta aos olhos, mesmo levando em consideração que o país possui 39 ministérios. Foram 70 mudanças em 1.555 dias de mandato.

Logo em seu primeiro ano de mandato, a presidente Dilma tirou sete ministros que de alguma forma foram citados em escândalos. Foi o que ficou chamado na época de “faxina ministerial”. Na ocasião, a presidente chegou a ser elogiada pela postura de retirar colaboradores que estavam sob suspeita. No entanto, alguns acabaram retornando depois, desfazendo a imagem de “faxineira”.

A tônica de 2011 se manteve nos anos seguintes, sobretudo em períodos pré-eleitorais. Em 2012 e 2014, por conta das disputas nos municípios e Estados, vários ministros que desempenhavam papéis relevantes deixaram suas funções para serem testados nas urnas. Assim se deu com Fernando Haddad, que deixou o cargo na Educação para disputar e vencer a eleição para a Prefeitura de São Paulo, e Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e que fracassou na tentativa de conquistar o governo de São Paulo.

A tática de trocar ministros continua com ainda mais força neste segundo mandato. Em três meses deste ano já foram anunciadas quatro trocas ministeriais, além das tradicionais mudanças de início de gestão. Perderam o cargo Marcelo Neri, de Assuntos Estratégicos, Vinícius Lages, do Turismo, Thomas Traumann, da Comunicação, e Cid Gomes, da Educação.

Com a saída de Cid, a pasta que cuida do maior orçamento do país alcança o quinto ministro em quatro anos e três meses. Com isso, o MEC se iguala aos ministérios de Transporte; Agricultura; Pesca; e Desenvolvimento Agrário, que também já trocaram de mãos quatro vezes.

Manter-se no cargo não é desafio fácil de vencer. Atualmente, apenas cinco ministros permanecem desde o primeiro mandato da presidente. Destes, o advogado geral da União, Luís Inácio Adams, é o que está há mais tempo no cargo. Ele foi empossado em outubro de 2009, ainda pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pouco tempo depois, em abril de 2010, a ainda ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira chegou à Esplanada dos Ministérios.

Críticas. Se são muitas as trocas, também são muitos os ministérios. O grande número tem gerado ataques até mesmo da base aliada, incluindo o PMDB, partido que tradicionalmente pressiona o Executivo para ter o maior número de pastas sob seu domínio. Atualmente, a legenda controla seis pastas: Portos; Minas e Energia; Aviação Civil; Pesca; Agricultura e Turismo.

O peemedebista e presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), propôs, em meados de março, uma proposta de emenda à Constituição que limita o número de ministérios em 20.

Na última sexta-feira foi a vez de o vice-presidente Michel Temer reforçar a proposta de enxugar o número de pastas.

“Se houver uma decisão presidencial de redução de ministérios, o PMDB está disposto a conversar e até entregar o que seja necessário”, afirmou.

 

Moeda de troca

Funciona? Mesmo ampliando o número de ministérios e incluindo políticos aliados no comando de cada um deles, o governo tem tido cada vez mais dificuldade de domar sua base no Congresso.

Redação do Jornal Nova Imprensa O Tempo

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Sobre o autor

André Ribeiro

Designer do portal Últimas Notícias, especializado em ricas experiências de interação para a web. Tecnófilo por natureza e apaixonado por design gráfico. É graduado em Bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.