Enquanto lá em Brasília a “suruba” política vai a cada minuto arrebanhando mais e mais adeptos ao seleto grupo que pratica assalto aos cofres públicos, inscrevendo em seus quadros figuras “ímpares” e de grande destaque nos três poderes da República, na quarta-feira (22) a Câmara dos Deputados, em meio ao burburinho causado pela divulgação dos resultados da Operação Carne Fraca, numa manobra orquestrada e sob a batuta do presidente, “premiou” o trabalhador brasileiro facilitando a temida adoção da prática da terceirização e do trabalho temporário.

Em poucas linhas, resumindo, o que isto significa? Simplesmente que de agora diante, qualquer empresa, está livre para se valer desta “benesse”, assim como a mesma regra também alcança órgãos públicos. Exemplificando: uma escola, agora, pode terceirizar não só os serviços de limpeza ou de portaria, pois está livre até mesmo para contratar professores. O mesmo vale para uma secretaria como a de saúde, obras, meio ambiente ou qualquer outra, inclusive autarquia, municipal, estadual ou federal. Seguindo este mesmo modelo, muito mais econômico e que certamente será amplamente adotado pelos patrões (dirigentes) da inciativa privada e dirigentes públicos que igualmente têm que gerir orçamentos apertados. Com isto, imaginamos hoje, estamos sim, no limiar de uma nova era no que concerne às relações patrão/empregado e certamente, ingressamos na contagem regressiva para a extinção dos concursos públicos.

Necessário lembrar que o tal projeto agora aprovado, dormitou por mais de 20 anos nas gavetas da Câmara. Já em 1998, tempo do FHC, este se recusou a permitir a aprovação e Lula, em seguida, pediu a retirada disto que hoje a Câmara, por inciativa do todo poderoso Rodrigo Maia, houve por bem ressuscitar em nome da “modernidade” pregada por Meirelles e seus seguidores. Maia certamente resgatou, sabe-se lá com quem, a mais uma parte da dívida assumida com quem o apadrinhou e garantiu sua indicação para o cargo.

Este fato foi apenas uma pequena mostra do que virá por aí, senhores. Depois de Temer mostrar-se benevolente com o Congresso, retirando do bojo da tal reforma previdenciária os barnabés estaduais, municipais e militares já se noticia que a turma do Judiciário, a Polícia Federal e outras categorias com grande poder de mobilização, também exigem tratamento igual.

Melhor será que o povão se prepare: se é ele que realmente trabalha e carrega nas costas esta nação e que ainda assim, quando se aposenta tem limitado o valor a que faz jus – diferentemente dos retro citados que a isto não se obrigam, pois sabidamente a conta não fechará e logo-logo, a fatura lhe será apresentada. O saco de maldades está recheado!

Mr. Meireles já acena com a possiblidade de na próxima semana, atacar novamente o bolso do povão. Com aquela cara de pau de sempre, já anuncia nas redes televisivas a possibilidade de aumentar impostos ou quem sabe criar novas taxas, contribuições ou outros mimos. É claro que estas, explica sua excelência, são providências indispensáveis, para se cobrir o rombo que a cada dia nos é por ele mostrado, com um novo e estratosférico valor. Mas, como tudo o que sai do bolso do trabalhador vai rapidinho para o dos banqueiros, a quem ele e muitos outros servem com fervor e devolução, tudo bem, né?

E, para garantir a aprovação de todas as aberrações paridas lá no Planalto, o que se viu e ouviu nas ultimas semanas, entre jantares regados a bom vinho e onde se serviu carne importada, foi que a liberação de zilhões das tais emendas parlamentares já estava garantida aos componentes da tal base governamental.

E num esforço maior ainda, demonstrando a lealdade para com seus parceiros, nossa antítese de Getúlio, se reúne a todo o momento, com o Senador Eunício, com o substituto e “herdeiro” de Eduardo Cunha e com o poderoso homem da capa preta, sua excelência Gilmar Mendes. Na pauta, a salvação do país, no entender deles. Aos poucos o “trio ternura” vai elaborando uma fórmula mágica, capaz de minar ou bombardear a Lava Jato, ao mesmo tempo em que eles garantem a um montão de lesa pátrias, o desfrute da impunidade e a permanência eterna, no poder.

Vem aí a lista fechada em eleições com voto obrigatório é claro. Nelas, o eleitor escolhe o partido e a cúpula deste, determina quem ocupará os cargos a serem disputados (?). Tudo é claro, financiado pelo tal fundo partidário, ou seja: por nós que abrimos mão de recursos que bem poderiam estar sendo empregados nas áreas de saúde, educação, etc. para bancar as mordomias e privilégios daqueles que insistem em chamar a tudo isto, a toda esta roubalheira que sabemos existe há décadas, de democracia.

Anotem aí, em letras garrafais: 22 de março de 2017, pois acreditamos que esse dia, será lembrado para sempre como aquele em que se fez apenas um teste para saber qual é o limite da paciência do povo brasileiro.

Em nome da modernidade, a Câmara aprovou algo que certamente suprimiu muitos direitos que o povo, o povo mesmo, conseguiu amealhar durante décadas e a duras penas.

Pode ser que o caldo daqui pra frente comece a entornar. Já se houve falar em greve geral.

Parece que o povo começa a entender que para botar esta turma pra fora é preciso que o povo ganhe as ruas. Se isto ocorrer mesmo, quem sabe as coisas lá em Brasília tomem outro rumo?

Se é verdade que não há bem que sempre perdure, também é vero que não há mal que nunca se acabe!

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