Sempre quis saber as circunstâncias da escolha do nome do nosso continente, América. O mais natural seria Colômbia, em homenagem ao seu descobridor.

Para tirar esta dúvida li o livro “Américo: o homem que deu seu nome ao continente”, de Felipe Fernández-Armesto, tradução de Luciano Vieira Machado, Companhia das Letras, 2011.

Nele pude obter informações preciosas dos acontecimentos da época, as quais com prazer venho dividir com você, caro leitor.

Américo Vespúcio nasceu em Florença, na Itália. Os historiadores não definem qual foi a data do seu nascimento. Viveu em Florença, de 1450 a 1491, na aldeia de Peretola. Giorgio Antonio Vespúcio, seu tio e tutor, lhe deu acesso ao conhecimento de poesia, retórica, filosofia, cosmografia, astronomia e astrologia.

Américo Vespúcio fez estudos de geografia, junto com o também italiano Cristóvão Colombo, onde debatiam a necessidade de busca de novos mundos e continentes desconhecidos.

Em 1491, Américo Vespúcio foi para Sevilha, na Espanha, quase na mesma época que os monarcas confiavam a Colombo a missão de descobrir um atalho para a Índia. Américo organizou frotas de navios para dar suporte ao empreendimento de Colombo no Novo Mundo.

Em 1499, Colombo era fonte de irritação para seus empregadores, por não ter cumprido as promessas. Não encontrou atalho para a Índia, envolveu a Coroa num empreendimento dispendioso, descobrira apenas pequenas quantidades de ouro, abandonou os seus deveres administrativos. Em 1500, Colombo teve o seu comportamento investigado, foi considerado louco e até acorrentado.

O tempo mostraria que Colombo foi injustiçado, pois havia descoberto o caminho para um novo continente e uma alternativa comercialmente rentável.

A partir de 1499 os monarcas retiraram de Colombo o monopólio da navegação transatlântica e autorizaram outras viagens. Américo embarcou na primeira e ficou especialista em navegação e cosmografia.

Américo Vespúcio foi o autor dos livros Carta a Soderinie Mundus Novus.

Na Carta a Soderini é feito relato de uma viagem, em 1503-4, partindo de Portugal, sob o comando de Gonçalo Coelho, com rumo para Malaca, porto da rota marítima entre a Índia e a China. Após uma tempestade, o navio de Américo Vespúcio, junto com outro da frota, seguiu rumo ao Brasil e ancorou em Todos os Santos. Desistiu de se reunir com os demais navios e margeou a costa. O conteúdo da Carta a Soderini não é considerado em sua totalidade de autoria de Américo Vespúcio e contém compilações de outros navegantes, principalmente de Cristóvão Colombo.

O Mundus Novus foi um sucesso de vendas e descreve as maravilhas do novo continente. Nele Américo apresenta as suas impressões do novo continente, um mundo por explorar, um paraíso, um novo mundo dotado de vastas florestas, pássaros, frutos diversos, onde os homens da terra falam de ouro e de substâncias miraculosas, etc.

O batismo da América se deu fora do controle de Américo e sem o seu conhecimento.

Em 1507 foi feita atualização da geografia, de Ptolomeu, com a utilização da Carta a Soderini. Acreditavam ser esta de autoria exclusiva de Américo Vespúcio e usaram os dados para completar a visão de Ptolomeu de geografia do mundo.

Ainda em 1507 foi publicada a obra Cosmographiae Introductio, de autoria do cartógrafo Waldseemuller, com contribuições de Ringmann. Um gigantesco mapa, com três metros quadrados acompanhava a edição: Universalis Cosmographia Secundum Ptholoemais Traditionem et Americi Vespucii Aliorumque Lustrationes (Geografia universal segundo a tradição de Ptolomeu e as contribuições de Américo Vespúcio e outros). A característica mais marcante é o nome da América, estampado sobre a parte do continente. A edição é coroada com retratos de Ptolomeu e Américo Vespúcio. Foram impressas mais de mil cópias deste trabalho.

No texto, Waldseemuller e Ringmann foram bastante explícitos e expressaram homenagens a Américo Vespúcio, propondo uma versão feminina do nome de Americus, por analogia às formas femininas de África, Ásia e a forma latina Europa. E relataram: “Essas regiões são bem conhecidas, e Américo Vespúcio encontrou uma quarta parte, para a qual não vejo motivo para que alguém pudesse desaprovar que se lhe dê o nome de Américo, descobridor, um homem de grande sagacidade”.

Cristóvão Colombo descobriu a América e na época foi considerado louco e até acorrentado. Por outro lado, Américo Vespúcio escreveu livros de sucesso sobre as maravilhas do Novo Mundo e as diversas viagens, foi citado como navegante de fama e homenageado eternamente com o nome do novo do Continente, América.

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