O ex-presidente da Fifa João Havelange e seu ex-genro e ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira foram citados em um documento divulgado na última quarta-feira (11) por promotores suíços detalhando o pagamento de milhões de dólares em subornos relativos à organização de Copas do Mundo, destacou a agência de notícias Reuters, em matéria assinada pelo jornalista Keith Weir. Os dois dirigentes brasileiros foram citados pela primeira vez em um processo que remonta à década de 1990, e que deve reforçar a pressão por mais transparência na entidade que organiza o futebol mundial. O documento, emitido pelo Ministério Público do cantão suíço de Zug, observa que Teixeira e o representante jurídico da Fifa negaram qualquer irregularidade, e que Havelange não comentou as acusações.
O ?mestre?
Havelange, que presidiu a Fifa de 1974 a 1998, teria recebido 1,5 milhão de francos suíços (1,53 milhão de dólares) em março de 1997 da hoje extinta empresa de marketing esportivo ISL, disseram os promotores. Com permissão da Fifa, a ISL vendia direitos de transmissão televisiva de competições da Copa do Mundo. A empresa faliu em 2001, com uma dívida de cerca de 300 milhões de dólares.
O ?pupilo?
Teixeira, que presidiu a CBF entre 1989 e o começo deste ano, teria recebido 12,7 milhões de francos suíços entre 1992 e 1997, segundo os promotores. Divulgado por pressão da imprensa, o documento detalha o processo criminal que foi arquivado em maio de 2010, depois que Havelange e Teixeira concordaram em pagar reparações.
Havelange, que está com 96 anos e saúde frágil, e Teixeira foram durante décadas duas figuras dominantes na gestão do futebol brasileiro.
Palavra da Fifa
Em nota, a Fifa elogiou a divulgação dos documentos e observou que o sucessor de Havelange, Joseph Blatter, não está envolvido no caso. Mas os documentos geram dúvidas sobre a forma como a Fifa lida com suspeitas de corrupção, pois diz que a organização estava ciente de que seus funcionários estariam recebendo subornos.
Confusão
A Fifa tem enfrentado vários escândalos de corrupção nos últimos anos, os quais levaram à saída de cinco membros do seu comitê executivo, inclusive Teixeira. O Brasil é o único país a ter conquistado cinco Copas do Mundo, e receberá o torneio de 2014, além da Olimpíada de 2016, no Rio. ?Com a constante alimentação (financeira) que ocorreu ao longo de vários anos, os serviços não só de João Havelange, mas também de Ricardo Terra Teixeira foram comprados. O segundo era genro de João Havelange – uma circunstância com a qual o Grupo ISMM/ISL esperava, sem dúvida, obter os benefícios apropriados?, disseram os promotores.
Corpo fora
Teixeira também deixou em março o comando da CBF e do comitê organizador da Copa de 2014. Havelange renunciou em dezembro passado à sua vaga no Comitê Olímpico Internacional (COI), antes de uma audiência do comitê de ética sobre a sua conduta no caso ISL.

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