Países reunidos na Conferência de Bretton Woods, em 1944, decidiram cooperar para o bem de todos e criar organismos multilaterais. A integração atingiu o auge na globalização com as atividades econômicas extrapolando fronteiras, baixos custos de comunicação, crescimento da interconexão e a assinatura de tratados.

Entretanto, a crise econômica de 2008 gerou a ascensão do nacionalismo e do protecionismo exacerbados, com ações contra a desindustrialização, aumento da desigualdade, desaceleração do crescimento da produtividade e choque das crises financeiras.

O ápice foi protagonizado pelo americano Donald Trump, quando repudiou a integração econômica, criou entraves às migrações e à saída de fábricas de empresas nacionais, com o discurso de se estar enviando vagas de empregos para outros países.

Em 2018 os Estados Unidos alegou “segurança nacional” para impor barreiras à entrada de aço e alumínio no mercado americano, por considerar que a Organização Mundial do Comércio, OMC, não tinha nada a dizer sobre o tema. A partir daí, essa alegação tem causado tensões no comércio internacional, com retaliações em cadeia.

Os Estados Unidos passou a fazer uma guerra comercial com a China, aumentou as taxas de importação de produtos chineses, e incitou países a deixarem a União Europeia, como o ocorrido com a Grã-Bretanha.

Em retaliação, a China suspendeu a importação de produtos agrícolas dos Estados Unidos e desvalorizou a sua moeda.

A economia chinesa ressente-se dos efeitos da guerra comercial e, para não perder empresas estrangeiras, oferece benefícios para compensar as pesadas tarifas impostas pelos Estados Unidos, mas, decorrido um ano, diversas empresas anunciaram a transferência da produção para outros países vizinhos.

Os Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, eclodiu como o grande credor mundial, o mais beneficiado pelo conflito, dono de um grande complexo industrial e defendeu em 1944 a cooperação como forma de expandir sua forma capitalista de mundo. Agora, de forma unilateral, vem pregar o fim da integração, enfim, defende o “cada um por si”, depois de titularizar em 2008 a maior crise do capitalismo, com reações negativas em todas as economias mundiais.

A partir daí, uma nova ordem mundial multipolar emerge, na qual são protagonistas os Estados Unidos, a União Europeia e a China, com disputas, não só por mais crescimento, mas também pelo retorno dos ativos instalados pelo planeta.

O Brasil sentirá os efeitos da instabilidade, com inibição do investimento e diminuição dos preços das comodities, e, de forma geral, todos os países sofrerão com as incertezas da guerra comercial, a qual pode generalizar políticas protecionistas, aumento dos custos e juros no médio prazo, e, o pior, o retorno ao clima competitivo e sem regras pela conquista de novos mercados, gerador de duas guerras mundiais no século 20.

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