O ambiente de informática do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia das eleições, 15 de novembro, apresentou funcionamento intermitente do aplicativo e-titulo, lentidão e atraso na apuração dos votos e ataques cibernéticos (hackers) ao TSE.

O presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso, garantiu ter as ocorrências não afetado o resultado da votação, mas os usuários das redes sociais utilizaram-nas para tentar desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, dentro da estratégia de descredibilizar as nossas instituições democráticas.

No embalo das redes sociais, o presidente da República, Jair Bolsonaro, no dia 16 deste mês, levantou dúvidas sobre a apuração das eleições e defendeu o voto impresso, quando disse: “Nós temos que ter um sistema de apuração que não deixe dúvidas. É só isso. Tem que ser confiável e rápido.O Supremo disse que é inconstitucional o voto impresso, tem proposta de emenda constitucional na Câmara. Se nós não tivermos uma forma confiável de apurar as eleições, a dúvida sempre vai permanecer”.

Em 2018, mesmo vencedor, Bolsonaro afirmou ter havido fraude eleitoral, pois se não houvesse teria vencido no primeiro turno.

A jornalista Patrícia Campos Mello, no livro “A máquina do ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital”, da Companhia das Letras, edição 2020, afirma, nas páginas 37-39, serem muitas fake news compostas por argumentos mentirosos a apontar fraudes eleitorais: “O levantamento do Eleições sem Fake e da Agência Lupa mostra que as notícias falsas que mais se espalharam pelo WhatsApp eram variações de “denúncias” de fraude ou mau funcionamento nas urnas eletrônicas… o conteúdo falso com maior número de compartilhamentos foi a mensagem que pretendia denunciar que uma urna eletrônica completava automaticamente o voto no candidato…” Também afirma, nas páginas 33-34, ser o aplicativo WhatsApp a fonte principal de informação dos brasileiros:  “Segundo uma pesquisa encomendada pelo Senado e publicada em novembro de 2019, 79% dos brasileiros usam sempre o WhatsApp como fonte de informação mais importante.” Assim, o usuário usa das informações sobre eleições nas redes sociais, onde muitas são fake news, pois a grande maioria usa o WhatsApp como a principal fonte de informação.

Nesse contexto, as dificuldades inesperadas do ambiente de informática do TSE no dia da eleição foram um presente perfeito para os plantonistas interessados em desacreditar o processo eleitoral brasileiro, pois com a repetição de mentiras pode-se formar opiniões erradas em pessoas mal informadas e essa coletividade desinformada se fortalece em outras com o mesmo pensamento de seu ciclo. Dessa forma, esses grupos organizados articulam para implantar nas mentes “desavisadas” uma versão fantasiosa de fraude eleitoral, através de conjecturas manipuladas e divulgadas pelas redes sociais.

Euler Vespúcio Advogado Tributarista eulervespucio.com.br

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