A desigualdade de renda no mundo é muito grande. A organização não governamental britânica Oxfam divulgou que cerca de 62 famílias detém patrimônio e renda equivalente a metade da população mundial. No mundo empresarial não é diferente, pois cerca de 147 megacorporações dominam 40% do mercado mundial de produtos e serviços.

De suas matrizes, as megacorporações fazem gestão sobre todos os seus centros de produção e de distribuição, localizados em diversos pontos do mundo.

Neste contexto, surgem atualmente os tratados de liberalização do comércio de produtos e serviços, como o TPP (Parceria Transpacífico), o Tafta (Acordo de Livre Comércio Transatlântico) e Tisa (Acordo sobre o Comércio de Serviços).

Estes tratados possibilitarão o livre trânsito de produtos e serviços no mundo e, com isto, as megacorporações poderão maximizar os seus lucros, ao localizar as suas linhas de produção no local de menor custo de funcionamento, definido de acordo com os custos internos de cada país.

Para os países serem signatários dos acordos acima devem ter condição de competição externa, como baixos custos de transporte e de mão-de-obra.

O Brasil aderiu em junho de 2016 ao Tisa e com isto se comprometeu à liberalização completa de todos os serviços (saúde, educação, transporte aéreo e marítimo, comércio pela Internet, investimentos financeiros, fornecimento de projetos de engenharia e planos arquitetônicos, abastecimento de água, infraestrutura básica, etc.).

Quanto ao trabalho, a informatização já trouxe uma diminuição do número de postos de trabalho e está exigindo uma readequação dos trabalhadores. Agora também os trabalhadores veem os seus direitos (jornada de trabalho, salários, férias, horas-extras, proteção social da CLT, etc.) serem objeto de reformas trabalhistas e mesmo previdenciárias, tudo isto para tornar o país mais atrativo para o capital das megacorporações e viabilizar o país ser signatário dos acordos de livre comércio.

A diminuição da renda do trabalho pode até ocasionar maior número de empresas com fábricas de produção no país e um aumento de renda global imediato, mas também acarreta, no médio prazo, à diminuição desta mesma renda salarial, afetando diretamente o consumo interno.

Os acordos de livre comércio já sofrem resistências de diversos países, inclusive nos desenvolvidos, pois a classe trabalhadora receia pela diminuição do número de postos de trabalho com o remanejamento de fábricas de produção para países com menores custos, geralmente países localizados nas periferias do sistema capitalista.

Além disto, nos países desenvolvidos já existem movimentos de resistência à adesão aos acordos, refletindo os ódios e as frustrações do trabalhador demitido ou que teve seu salário reduzido, o produtor rural que teve a sua renda diminuída, o aposentado que recebe o benefício e tem que continuar trabalhando, a desconfiança com a chegada dos imigrantes e refugiados.

A assinatura dos tratados TPP, Tafta e Tisa de livre comércio dos produtos e serviços implica diretamente na perda da soberania do Brasil, ao ficar ao arbítrio das decisões das megacorporações, que estão alinhadas unicamente em aumentar os seus resultados financeiros e completamente dissociadas dos interesses e políticas brasileiros.

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