No dia 19 de novembro, em loja do Carrefour, de Porto Alegre, RS, seguranças mataram o cliente, João Alberto Silveira Freitas, negro, de 40 anos. Segundo relatos, ele desentendeu com a funcionária do caixa, foi levado para fora e desferiu soco em um dos seguranças. Após isso, foi espancado, jogado no chão, levou socos, aplicaram o joelho em suas costas e morreu asfixiado, segundo laudo.

A polícia investiga a motivação, mas nada justifica tantas agressões ao cliente. Os dois seguranças foram presos em flagrante, por homicídio culposo.

Todos os fatos foram presenciados por outros seguranças e funcionários da loja, os quais intimidaram as pessoas para não filmarem e impediram-nas de atender os gritos de socorro do agredido.

Os lances de violência aconteceram um dia antes do Dia da Consciência Negra e, nesse artigo, tratarei sobre a violência do ato, sem adentrar, nesse momento, no tema do racismo.

Geralmente, todas atuações de segurança ou policiais militares são entendidas pelo cidadão comum como repressões a criminosos.  Dessa forma, todos ficam passivos e consideram as atitudes serem as indispensáveis e suficientes. No caso, não foi o que ocorreu, pois os seguranças se irritaram, se descontrolaram e passaram a desferir agressões além do necessário.

Atualmente os cidadãos têm o recurso de filmar e registrar as cenas de violência, mas ficam impossibilitados, muitas vezes, de agir fortemente para impedir as agressões, ficando, no máximo, a gritar para as agressões pararem ou alertar o perigo de ocorrer a morte do agredido.

Todo profissional de segurança, privada ou pública, precisa de pessoas de sua confiança para lhe lembrar de seu dever, com autoridade suficiente para evitar excessos, sob pena de se gerar um mal maior para o agredido ou um resultado fatal inesperado.

No caso em questão, os seguranças passaram do limite. Após levarem soco, deveriam ter dominado o agressor e chamado a polícia. Não deveriam ter agido para fazer justiça com as próprias mãos, causando a morte do agredido e, agora, os agressores se tornaram “criminosos”, com prisão preventiva decretada, e a instituição para a qual prestavam serviço (Carrefour) sofre desgaste de imagem, retaliações e manifestações públicas.

No Brasil as pessoas procuram locais tranquilos, seguros e livres para fazerem suas compras e lazer. Teoricamente, seguranças de um estabelecimento deveriam garantir um ambiente seguro para a empresa e seus clientes. Entretanto, o que era para ser apenas um mero momento de consumo, transformou-se em instantes de terror, com perda prematura de um membro da sociedade.

Faltou um comando hierárquico “forte” para os seguranças cessarem as agressões e retomarem o seu equilíbrio emocional, mas o que se viu foi os seus companheiros de serviço apoiarem as ações violentas, serem coniventes com tudo, e, assim, participaram indiretamente das barbáries cometidas.

Euler Vespúcio Advogado Tributarista eulervespucio.com.br

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