A Embraer e a Boeing anunciaram nessa quinta-feira (5) um acordo não vinculante para a formação de uma joint venture até o fim de 2019. A expectativa das companhias foi feita em comunicado em conjunto, frisando que se as aprovações ocorrerem no tempo previsto, a conclusão se dará entre 12 a 18 meses após a execução dos acordos definitivos.

Conforme o termo anunciado , a Boeing deterá 80% e a Embraer, 20%, em uma operação avaliada em US$4,75 bilhões – dos quais a Boeing pagará US$3,8 bilhões. Após os acordos definitivos, a parceria estará, então, sujeita a aprovações regulatórias e de acionistas, incluindo o governo brasileiro que detém uma ação especial (Golden share).

O mercado reagiu mal ao anúncio do acordo, que se decepcionou com o valor atribuído à fabricante de aviões brasileira na negociação e ainda vê incertezas na concretização da nova empresa.

A ação da companhia de aviação brasileira, que havia subido mais de 3% na quarta-feira, já na expectativa pela concretização do negócio, ontem despencou 14,29% e respondeu pelo segundo maior volume de negócios da B3 (R$531,6 milhões). Com isso, a empresa perdeu o equivalente a R$2,85 bilhões em valor de mercado em um dia. Analistas atribuíram as perdas das ações a um movimento essencialmente de realização de lucros, embora justificado por dúvidas reais quanto aos detalhes do negócio.

A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa formada com a Embraer no segmento de aviação comercial. “Ao formarmos essa parceria estratégica, estaremos muito bem preparados para gerar valor significativo para os clientes, empregados e acionistas de ambas as empresas – e para o Brasil e os Estados Unidos”, afirma o presidente, chairman e CEO da Boeing Dennis Muilenburg. Uma vez consumada a transação, será formada a equipe de gestão, sediada no Brasil, incluindo um presidente e CEO, com reporte diretamente a Muilenburg.

A parceria deve ser contabilizada nos resultados por ação da Boeing no início de 2020, e a expectativa é de que gere sinergia anual de custos de cerca de US$150 milhões (antes de impostos) até o terceiro ano. Ainda conforme o comunicado, a transação não terá impacto nas projeções financeiras da Boeing e da Embraer para 2018, “bem como na estratégia de implantação de capital e no compromisso da Boeing de retornar cerca de 100% do fluxo de caixa livre para os acionistas.”

A Boeing considera que a nova sociedade se tornará um dos centros de excelência para o desenvolvimento de projetos, fabricação e manutenção de aeronaves comerciais de passageiros, e que ambas estarão aptas a oferecer uma linha “abrangente e complementar” de aeronaves de passageiros de 70 a mais de 450 assentos, além de aviões de carga. O comunicado lembra que são mais de 20 anos de colaboração entre Boeing e Embraer.

“Esse acordo com a Boeing criará a mais importante parceria estratégica da indústria aeroespacial, fortalecendo ambas as empresas e sua posição de liderança do mercado mundial”, declarou o presidente e CEO da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva na mesma nota.

“A combinação de negócios com a Boeing deverá gerar um novo ciclo virtuoso para a indústria aeroespacial brasileira, com maior potencial de vendas, aumento de produção, geração de emprego e renda, investimentos e exportações, agregando maior valor para clientes, acionistas e empregados”. Segundo ele, a Boeing não terá acesso à tecnologia da brasileira na área de defesa.

Ação do governo O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, disse que o BNDES continuará sendo acionista da Embraer, mas não terá participação na nova empresa que será formada após acordo com a Boeing. “A Embraer terá uma participação nessa nova empresa, mas os acionistas não terão participação direta”, afirmou. Segundo Dyogo, não foi colocada a opção de que os acionistas da Embraer tivessem participação na nova empresa. O BNDES tem 5% das ações da Embraer e é o maior financiador das exportações da empresa.

O presidente reforçou que o banco não participou das negociações com a Boeing, mas apenas assessorou o governo em questões relativas à golden share, ação da União que dá direito a veto em questões como transferência de controle acionário. Para Dyogo, a golden share e o poder de veto do governo estão “plenamente preservados” com o acordo, que foi desenhado para garantir isso deixando de fora os negócios militares e de jatos executivos.

A Embraer confirmou que, mesmo após o acordo de joint venture com a Boeing, a União permanecerá com os direitos decorrentes da ação especial. A fabricante de aviões brasileira afirmou também que consultará o governo brasileiro após consenso com Boeing sobre documentos definitivos.

 

Fonte: Estado de Minas ||

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