Cobrança exagerada do chefe, prazos apertados, metas desafiadoras demais. Tudo isso fez com que os afastamentos do trabalho por estresse crescessem 240% em Minas Gerais nos últimos cinco anos. Em 2007, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apurou 472 afastamentos no Estado por causa do estresse. Em 2012, o número pulou para 1.609. O mal é responsável por 0,5% das licenças médicas.
Segundo a representante técnica da perícia médica do INSS da Superintendência Sudeste II, Júnia Guimarães, desse total, um terço está totalmente relacionado ao estresse no trabalho. ?Dos 1.609 afastamentos por esse motivo, 529 auxílios foram enquadrados como doença acidentária, o restante, com causas gerais, foram auxílios-doença previdenciários?, diz Júnia.
Segundo ela, a partir de 2008 ficou mais fácil a liberação dos afastamentos pelo INSS. ?Até então, a empresa tinha que fazer uma comunicação por acidente de trabalho, depois foi implantada a metodologia do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) e ficou mais fácil identificar a doença?.
O coach e neurocientista do Instituto Brasileiro de Gestão Avançada (IBGA) Aguilar Pinheiro explica que um dos os primeiros sinais do estresse é o aumento acentuado da irritabilidade. ?Existe uma área no cérebro chamada amígdala cerebral, que, em situações de pressão forte, secreta substâncias que afetam o sistema nervoso e as glândulas suprarrenais e pode desencadear sintomas físicos como retenção de líquido e síndrome do intestino irritável?, diz.
De acordo com o especialista, a pessoa tem que se conhecer e perceber que não estava assim antes. Com o engenheiro Ricardo Cleto, quem percebeu foram o pai e os amigos. ?Eu estava no comando de uma grande obra, com muita cobrança, demora do governo na liberação das licenças e metas apertadas. Fiquei muito irritado, até que meu pai percebeu e me levou para um psiquiatra, que me afastou de 15 de julho a 13 de setembro. Eu descansei nesse período e agora estou apto a trabalhar novamente?, contou o engenheiro, ao sair da perícia médica no INSS.
A presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Jane Berwanger, lembra que, quanto mais afastamentos por estresse acontecerem, maiores serão os gastos do governo. ?A solução é integrar as políticas de seguridade, assistência social e saúde. Até 2001, havia um conselho que reunia essas políticas, mas ele foi extinto?, lembra.

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