Agentes da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de BH, denunciam que os diretores da unidade prisional não estão passando por revista diária ao entrarem no local para trabalhar. De acordo com um servidor, que pediu para não ser identificado, todos os diretores entram na penitenciária sem que as mochilas deles sejam revistadas. 

“Todo servidor, ao chegar ao complexo penitenciário, precisa passar pela revista. Revista pela qual todo servidor da segurança e do administrativo passa, tanto em seu corpo quanto em seus pertences. Apenas diretores da unidade prisional não passam por isso. Do jeito que eles chegam da rua, entram com mochila, sem passar pela revista”, disse o agente.

Ainda de acordo com o denunciante, assim que chega para trabalhar, o servidor passa por uma revista com detector de metal e raio-x nos pertences, o mesmo sistema utilizado em aeroportos. A falta de revista nos diretores, segundo o funcionário do Estado, ocorre há pelo menos sete meses, e ninguém pode questionar a medida. “Não pode perguntar. Quem pergunta ou questiona é transferido de setor e, se bobear, ainda ganha uma remoção. Vários servidores já foram tirados de setor e removidos de unidade prisional por indagarem o motivo de não se ter revista”, aponta. 

Desconfiança em comum
Um segundo servidor da Nelson Hungria, também ouvido sob anonimato, confirma a falta de vistoria dos diretores. A dupla de funcionários teme que a ausência da revista nos integrantes do corpo diretivo da penitenciária possa ser mais um fator que favoreça a entrada de ilícitos.

“A suspeita é a de que os diretores estejam entrando com ilícitos para a penitenciária, não apenas drogas, mas celulares também. Porque eles não passam pela revista, e nós continuamos, diariamente, achando pedaços grandes de drogas e celulares do tamanho da palma da mão”, disse. Em relação às revistas feitas nos pavilhões, o funcionário diz que elas são corriqueiras e sempre há material apreendido. 

“Se nós fizermos uma revista hoje, em determinado pavilhão, provavelmente vamos encontrar celulares, drogas e serras. Se amanhã nós fizermos o mesmo procedimento, no mesmo pavilhão, é perigoso acharmos até mais do que foi encontrado hoje”, garante.

Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostram que entre março de 2020 e março deste ano foi registrada uma média diária de pelo menos três ocorrências com apreensões de materiais ilícitos na Nelson Hungria. No total, no período, foram 1.388 casos. Segundo a Sejusp, os produtos foram localizados em revistas de rotina e em kits postais enviados por parentes de presos.

Fonte: O Tempo

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