Lorene Pedrosa/Paulo Coelho
Em tempos de grave crise hídrica, como a que vive o município de Formiga atualmente, a boa gestão da água se torna questão de vida ou morte.
Mas não é isso que vem ocorrendo na cidade, se observado o uso indiscriminado de água potável para a realização de obras no município.
A denúncia chegou ao portal nesta semana e foi confirmada por meio de fotos de um caminhão da Construtora Vega (responsável pelo asfaltamento de 10 vias da cidade) e outro da Secretaria de Gestão Ambiental flagrados reabastecendo os tanques com água. A água utilizada para serviços no Aterro Sanitário, lavagem de pavimentação em vias da cidade e em obras de asfaltamento ou regularização de vias, vem sendo retirada na sede da antiga fazenda da Prefeitura, às margens da avenida Deputado João Pimenta da Veiga, acesso ao município pelo bairro Engenho de Serra.
Apesar de não ser tratada na estação de tratamento do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), a água ali produzida e assim utilizada é potável, pois vem de um poço do Saae localizado em um pesque e pague e também abastece residências e empresas localizadas no Distrito Industrial.
E há ciência por parte dos responsáveis pela retirada d’água de que a mesma é potável, prova disso é a inscrição no caminhão da construtora utilizado para o transporte do precioso líquido até o local das obras. Talvez este fato explique melhor as razões pelas quais o município e as empreiteiras não queiram se valer de outras fontes que disponibilizam água não potável que, obviamente, seriam mais apropriadas para atender tais casos.
Para entender de onde partiu a autorização para a retirada da água, uma equipe do Últimas Notícias esteve na sede o Saae na tarde de quinta-feira (31) e foi recebida pelo diretor da autarquia, José Pereira de Sousa (Capitão Souza).
Caminhão da Secretaria de Gestão Ambiental e da Construtora Vega na sede da antiga fazenda da Prefeitura (Foto: Paulo Coelho)
Em entrevista, Sousa explicou que ele havia sido cientificado naquele instante sobre tal prática e foi lacônico, mas incisivo, ao responder ao questionamento do jornal: “Nós temos tentado controlar todos os nossos poços de água potável, porque nós estamos em um período difícil e o uso da água potável e/ou de água tratada é preferencialmente para uso humano. Sabemos também que o município pode fazer uso de água não tratada para esses fins, assim sendo…”, comentou o diretor .
De imediato, Sousa orientou servidores da autarquia que entrassem em contato com as demais secretarias para colocar fim ao problema.
Segundo apurado pelo portal, atualmente a cidade possui cerca de 80 poços artesianos que abastecem localidades da área urbana e da zona rural. Deste número, apenas 10 poços tem a água clorada. Porém, nestes e nos demais, é feita regularmente análise química para se comprovar se a água continua (potável), própria para o consumo humano, pois o volume produzido por tais poços é de grande importância para se manter a regularidade no fornecimento, em especial na época em que a captação no rio Formiga sofre sensível redução de volume.