A diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) começou a discutir por volta das 10h15 desta terça-feira (4) o relatório que recomenda a retirada do mercado dos medicamentos à base de sibutramina, um tipo de inibidor de apetite.
Na agência, não há consenso sobre o tema. Enquanto a equipe técnica defende a manutenção da comercialização da substância, a câmara técnica, que assessora a agência, crê que a sibutramina deve ser retirada do mercado.
A reunião pública acontece, segundo a agência, para mostrar a transparência do processo de tomada de decisão da Anvisa e dar amplo conhecimento ao relatório, que tem cerca de 700 páginas.
Além da sibutramina, a agência analisa retirar do mercado outros inibidores de apetites conhecidos como anfetamínicos. As demais substâncias cuja venda podem ser suspensas são o anfepramona, o femproporex e o mazindol.
O uso dos medicamentos inibidores de apetite é defendido por médicos especializados no tratamento de obesidade, associações e sociedades médicas do setor.
Os inibidores de apetite atuam no cérebro dos pacientes. Lá existe um região conhecida como hipotálamo, que regula a sensação de fome e de saciedade. A Anvisa divulgou uma nota técnica em fevereiro na qual recomendava evitar o uso dos remédios (além da sibutramina, a anfepramona, o femproporex e o mazindol), já que poderiam provocar efeitos colaterais como problemas cardíacos.
Caso a Anvisa decida pela proibição dos medicamentos, a única opção restante para combate à obesidade será o orlistate, medicação de alto custo que atua diretamente no intestino e reduz em até 30% a absorção de gordura.
EUA e Europa
A venda de remédios para emagracer com sibutramina foi proibida pela agência reguladora de remédios na Europa no início de 2010. A entidade alegou, na época, que trabalhos científicos apontavam o aumento do risco de problemas cardiovasculares em pacientes que usaram a sibutramina.
Conhecido como Scout, o estudo que levou a agência reguladora europeia a banir o medicamento contou com 9 mil pacientes obesos, monitorados durante 5 anos – parte deles recebeu sibutramina e outra parte tomou uma medicação sem efeito (placebo). Todos os integrantes da pesquisa passaram por dieta e praticavam exercícios físicos.
No caso dos Estados Unidos, a agência reguladora de alimentos (FDA, na sigla em inglês) também recomendou o fim do uso do medicamento. Com isso, a Abbott, empresa responsável pela venda da sibutramina, retirou o produto do mercado. Canadá e Austrália também são países onde o comércio da droga é vetado.

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