A história se repete e cada vez mais se constata que o país X, hoje praticamente falido, tinha tudo para ser um país rico, pelo fato de possuir vastos recursos minerais e vastas terras férteis. A pergunta que se faz é como o país conseguiu dilapidar tantas vantagens naturais? Por outro lado, ficamos pasmos pelo fato de como certos países, sem riquezas naturais, conseguem uma melhor situação econômica, social e política. Os exemplos são muitos.

Temos situações de países ricos em recursos naturais e com dificuldades frequentes. Por outro lado, temos países sem recursos naturais e sempre com boas condições econômicas.

É ótimo e fácil ganhar dinheiro simplesmente extraindo os recursos existentes na natureza. Por outro lado, exige muito trabalho e obstinação erguer fábricas e criar soluções sustentáveis.

Muitos países ficaram ricos com a exploração de recursos naturais, seja minerais ou agrícolas, e durante muitos séculos a única fonte de riqueza era natural. Por exemplo, o ouro, explorado nas Américas, impulsionou a Espanha para ser a líder européia no século XVI.

Os recursos naturais enriquecem um país, mas os demais fatores podem fazer um país enriquecer também, como os recursos humanos, de capital e tecnológicos.

Muitos dos países ricos explorando riquezas naturais, após o auge, experimentam grandes crises econômicas.

O melhor exemplo de um país desprovido de recursos naturais, entre outros, é o Japão, detentor de conhecimento tecnológico e de um povo obstinado a trabalhar.

Agora as riquezas de recursos humanos, de capital e tecnológicos são mais importantes do que o natural. Constata-se que diversos países do mundo com as mais elevadas rendas per capita, sejam particularmente pobres em recursos naturais, como o Japão, a Suíça e a Dinamarca. As estrelas do desenvolvimento econômico do Leste Asiático são pobres em recursos naturais, como a Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong.

Muitos países participantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) encontram-se, atualmente, em grandes dificuldades econômicas ou financeiras.

Atualmente, os países com menos recursos naturais têm maior crescimento econômico.

Os países com grandes riquezas naturais focam todas as suas forças e recursos para a exploração deles e, por consequência, tem uma capacidade menor de ter bens comercializáveis, detém um parque industrial insuficiente para as suas necessidades e não investem em tecnologia. Além disto, a abundância de recursos naturais gera a impressão de serem infinitos e, com isto, os países passam a gastar desmedidamente.

Além disto, a exportação de bens naturais gera a valorização real do câmbio e compromete a competitividade dos bens comercializáveis.

Outra razão é a grande volatilidade dos preços dos bens naturais (commodities), com grandes oscilações, gerando periodicamente crises econômicas. Em um ano pode-se ter grandes receitas com as exportações de produtos naturais e no outro ano tem-se uma receita bem menor. Esta instabilidade, causada pela volatilidade dos preços, dificulta o planejamento de políticas públicas e até nos momentos de grandes receitas os países têm dificuldades de alocar os recursos imprevistos.

Existem países detentores de riquezas naturais que conseguem atingir certa estabilidade econômica, pelo fato de adotarem políticas de desenvolvimento da economia, formação de setores industriais, investimento em soluções tecnológicas, criação de fundos soberanos, etc.

Há diretrizes a serem adotadas em um país com grandes recursos naturais. Em primeiro lugar, este país não deve fazer uma grande expansão fiscal e deve manter o setor público dentro de certos limites. Em segundo lugar, não deve considerar os ganhos temporários como se fossem permanentes. Em terceiro lugar, deve-se investir de forma cautelosa e produtiva. Em quarto lugar, deve-se manter a economia aberta à concorrência internacional. Em quinto lugar, estes países devem adotar políticas de capitalização de todos os recursos para melhorar a competitividade do país, seja investindo permanentemente em educação e pesquisa, seja criando condições para a autossuficiência energética, etc.

Infelizmente, as diretrizes acima não são seguidas pela maioria dos países e o mau proveito decorre do próprio fato de deterem grandes riquezas dos recursos.

Os países são como as pessoas. Dê a um grupo de pessoas uma vultosa quantia de dinheiro e eles desperdiçarão o tempo discutindo como irão dividi-lo, em vez de pensar em formas de gerar mais dinheiro. Os países com grandes riquezas naturais, como o petróleo, são instáveis e o que gerou esta instabilidade foi a própria abundância de recursos naturais.

Infelizmente o fato de um país pobre ter grandes riquezas naturais não é uma grande vantagem, pois os seus habitantes serão os últimos a se beneficiar.

No caso do Brasil, mesmo o fato de termos grandes reservas de petróleo, temos um dos preços de combustíveis mais caros do mundo e estas riquezas não são reinvestidas para melhores condições de vida no presente e futuro, somente atendendo a interesses de corporações nacionais e internacionais. Já no caso do minério de ferro, mesmo a situação de termos as maiores reservas mundiais dele, temos os preços dos derivados, principalmente carros, com preços aviltantes e o dinheiro não é reinvestido para a melhoria das condições de vida do povo, somente atendendo a interesses de grandes mineradoras.

Assim, os países com riquezas naturais abundantes, como o Brasil, devem investir, sistematicamente, os produtos advindos de sua exploração no presente e no futuro, pois, caso contrário, não haverá ganhos persistentes e permanentes para a sociedade.

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