Após apontar, por meio de nota, a Santa Casa como culpada pela morte do jovem de 23 anos no sábado (8) e o próprio provedor da entidade, Geraldo Couto, em coletiva com a imprensa, admitir os graves problemas gerados pela falta de profissionais, (confira as matérias completas nas páginas 8 e 9), o portal Últimas Notícias recebeu na quarta-feira (12) uma nova denúncia sobre mais um óbito que ocorreu dentro da Santa Casa e que pode ter sido causado por uma falha da equipe médica.
O militar formiguense Pedro Gomes Pinto, que trabalha na cidade de Bom Despacho, entrou em contato com a redação do portal e relatou a perda da irmã, de 59 anos, Maria Aparecida Gomes Pinto que era portadora de necessidades especiais e sofria de reumatismo crônico. Ela deu entrada no hospital no dia 8 de outubro, com muitas dores no corpo. ?Minha irmã tinha pouco apetite e não gostava de tomar água. Devido a essa dificuldade, ao ser internada, os médicos decidiram colocá-la para tomar soro, pois de acordo com eles, Maria aparentava estar desnutrida e desidratada?, contou o irmão.
Após três dias de internação, debilitada por não conseguir se alimentar, foi necessária a introdução de uma sonda nasogástrica na paciente. ?O procedimento foi bem sucedido. Assim que eles introduziram a sonda na minha irmã, um raio-x foi tirado para confirmar que o aparelho estava colocado corretamente e, a partir de então, a alimentação e a água começaram a ser administradas por meio da sonda?, explicou Pedro.
O problema surgiu quando a sonda ?saiu do lugar? devido a grande agitação da paciente. O irmão informou o ocorrido para uma técnica de enfermagem, esperando que membros da equipe especializada reintroduzissem a sonda, mas de acordo com ele, a própria técnica tentou recoloca-la. ?A profissional me tranquilizou, dizendo que não era nada de complicado ou grave e que ela mesma reintroduziria a sonda, forçando minha irmã a tomar um copo de água para que o tubo descesse novamente. Nesse momento começou a sair muito sangue pelo nariz da minha irmã?.
O familiar da paciente avisou a equipe médica sobre o acontecido, porém não foi realizado outro exame de raio-x para comprovar que o tubo havia sido recolocado adequadamente. ?Após o sangramento, a alimentação foi sendo administrada, mas ela não conseguia engolir a comida, vomitando tudo que era introduzido pela sonda. A partir daí, minha irmão foi ficando fragilizada?, explicou o militar que contou ainda que no dia 14 de outubro, seis dias após a entrada de Maria Aparecida na Santa Casa, ela começou a passar mal e veio a óbito. ?Meu irmão estava no quarto quando nossa irmã começou a passar mal. Ele saiu desesperado pelos corredores do hospital gritando socorro. Depois de muito tempo apareceu no quarto um médico que ao ver o nervosismo do meu irmão expulsou ele do quarto. Meu irmão disse que ia chamar a polícia e o médico o ameaçou, dizendo que se ele chamasse, iria processá-lo?. Assim que Pedro chegou ao hospital, ele acionou a polícia e registrou o Boletim de Ocorrência de número 10634.
Na Funerária, o irmão de Maria foi informado de que o corpo da irmã deveria ser sepultado o mais rápido possível por estar liberando muita secreção pelo pulmão.
Ao receber a certidão de óbito de Maria Aparecida, a família constatou que uma das causas da morte foi broncoaspiração maciça, que ocorre quando há a aspiração de conteúdo gástrico ou corpo estranho na árvore traqueobrônquica (que tem como função principal conduzir ar até à zona respiratória) que causa obstrução das vias aéreas por aspiração de material sólido.
?Avisamos a equipe médica sobre a tentativa da técnica de enfermagem em recolocar a sonda, que isso poderia ter contribuído para a piora dela devido a hemorragia e a dificuldade de ingerir a comida, mas nada foi feito. Eu e minha família estamos indignados, Maria era nosso xodó, tínhamos muito carinho por ela, eu estava presente no momento em que a técnica tentou introduzir a sonda na minha irmã, depois disso ela piorou e morreu?.
A família de Maria Aparecida entrará na justiça contra a Santa Casa. ?Nós registramos o B.O. e vamos entrar na justiça contra o hospital. Não importa se vamos ganhar ou perder a ação, mas vamos, ao menos, tentar fazer justiça?, declarou.
Em contato com a assessoria de comunicação da Santa Casa o portal obteve a seguinte resposta referente ao caso: ?Nenhuma queixa formal foi realizada pela família sobre o atendimento da paciente Maria Aparecida Gomes Pinto. A comissão de óbito da Santa Casa de Formiga vai realizar a análise dos fatos e em breve terá um parecer sobre o atendimento da referida paciente?.

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