A população de Formiga ‘lotou’ o plenário da Câmara (Fotos: Gleiton Arantes/Últimas Notícias)
Da redação
Assim como ocorreu na semana passada, a reunião da Câmara Municipal foi tensa e inusitada, nesta segunda-feira (20). Após forte pressão da população, que lotou o plenário, -aproximadamente 300 pessoas – os vereadores voltaram atrás, ouviram o clamor popular e decidiram não aumentar os próprios salários em 6,58%, que elevariam o subsídio dos edis de R$6.491,28, para R$6.918,41.
Para tanto, eles revogaram o artigo 1º do projeto 024/2017, abrindo mão do reajuste, mantendo apenas o reajuste dos salários dos servidores do Legislativo.
Vale lembrar que na semana passada, Joice Alvarenga e Cabo Cunha votaram contra o reajuste e o projeto havia sido sancionado pelo prefeito Eugênio Vilela na terça-feira da semana passada (14). Logo após, Eugênio manteve conversações com os vereadores, aconselhando-os a desistirem do aumento que para ele, trazia grande desgaste para o próprio Legislativo.
A formiguense Adrimara Duarte usou a ‘Tribuna do Povo’ e criticou duramente os vereadores. “Me foi negado o uso da palavra na reunião da semana passada. O regimento interno precisa ser revisto. Muito inteligentes, vocês, pois o primeiro projeto aprovado aqui, é referente ao aumento dos salários dos próprios vereadores. Vocês deveriam ter vergonha em pedir aumento. São irresponsáveis, acham que 55 mil eleitores não têm mais força do que 8 vereadores? O atual salário não dá para vocês viverem não queridos? Nós pagamos impostos e consequentemente pagamos o salários de vocês. Os senhores são nossos funcionários”, disse.
Adrimara fez uso da ‘Tribuna do Povo’ e criticou os vereadores
Ela fez também questionamentos sobre o reajuste do vale-alimentação dos servidores da Câmara que passou de R$500 para R$535, já que para os servidores da Prefeitura, o reajuste proposto será de R$300 para R$320.
Cobrou a retirada do projeto e questionou ainda sobre as diárias e sobre a carga horária de trabalho dos edis.
Adrimara questionou em particular alguns vereadores. A Mauro César, perguntou se ele tinha uma profissão; ao Sidney Ferreira porque ele apoiou o movimento Formiga é 10; ao Marcelo Fernandes que havia postado na rede social, no ano passado, opinião contrária ao aumento dos salários dos vereadores na legislatura passada. Em relação à presidente da Casa, Adrimara questionou o salário que Wilse Marques recebe na Mão Amiga de aproximadamente R$3 mil desde abril do ano passado e que o patrimônio de Wilse passou de R$43.300 em 2008, para R$1.354 milhão em 2012, e para R$1.406 milhão em 2016. “A senhora está no lugar errado, deveria estar no lugar do presidente do Brasil, Michel Temer, por aí dá para entender porque conseguiu multiplicar o patrimônio, pois o primeiro projeto aprovado na Câmara foi para aumentar os salários dos vereadores. Ou trabalha com dignidade, ou pede para sair. Vou ser a pedra no sapato de vocês”, disse Adrimara.
Alguns vereadores responderam a formiguense. Flávio Couto disse que era advogado, formado em 2010 e que tinha seu próprio escritório. “Peço desculpas para a população. Ouvi minha família e sempre pedi a Deus para não deixar a política subir na minha cabeça”, disse Flávio. Já Marcelo Fernandes ressaltou que esteve por cinco anos à frente da associação de moradores e que é locutor de porta de loja. “Humildemente reconheço meu erro, não tem coisa pior do que ser xingado de safado e sem vergonha”.
Posição de cabo Cunha e Joice Alvarenga
Um requerimento foi feito na manhã desta segunda-feira pelos vereadores Cabo Cunha e Joice Alvarenga revogando o artigo 1º do projeto e anulando o aumento dos salários dos vereadores. Trazido ao conhecimento da Casa pela presidente, que ordenou a leitura do mesmo, todos os edis assinaram o requerimento e concordaram que o mesmo, uma vez tramitado nas comissões, viesse a ser posto em votação logo em seguida.
Com esta decisão, a reunião foi interrompida por aproximadamente 40 minutos e no segundo tempo, os vereadores aprovaram por unanimidade o projeto, atendendo a solicitação que entenderam ser vontade da maioria da população.
Com a aprovação e o acolhimento de pré-projeto que pretende acabar com o pagamento de diárias aos vereadores (no moldes hoje em vigor), as vaias, gritos de guerra, impropérios dirigidos a muitos dos componentes da casa, deram lugar aos gritos de “povo unido jamais será vencido’ e ao canto do hino à Formiga, entoado inclusive por alguns vereadores.
A presidente encerrou a reunião e os presentes aos poucos foram deixando o local, não sem antes, na rua, cantarem novamente o Hino à Formiga e após repetirem alguns gritos previamente ensaiados (povo unido…) deixaram claro o aviso de que, na próxima reunião, quinta-feira nas subsequentes, muitos deles ali estariam novamente, exercendo o poder de fiscalização sobre aqueles que foram eleitos, por eles mesmos!
Representantes da imprensa local (escrita-e radiofônica) fizeram a cobertura, transmitida via internet pelo portal Últimas Notícias e pela própria Câmara, via Youtube além da TV Alterosa, que tem feito uma cobertura estadual desde a aprovação do aumento.
Todos os vereadores assinaram o requerimento
Todos os vereadores assinaram o requerimento
Leitura do projeto sem o reajuste salarial