Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), foi exonerado do cargo nessa terça-feira (26). Em entrevista ao Bom Dia Brasil, jornal da Rede Globo, ele afirmou que não há comunicação dentro do Ministério da Educação (MEC).

Na segunda-feira (25), Rodrigues assinou uma portaria sobre as novas regras do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Segundo o documento, a avaliação da alfabetização de crianças não seria feita na edição de 2019. Horas depois da publicação no Diário Oficial da União, o Inep afirmou que esse teste só seria aplicado em 2021.

Depois de gerar polêmica, a portaria foi anulada no dia seguinte, pelo ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodríguez. Ainda não foi divulgado o novo documento com as regras do Saeb.

O ex-presidente do Inep diz que assinou a portaria com respaldo do secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim. Um documento mostra que, de fato, Nadalim havia feito a recomendação para que a alfabetização não fosse avaliada em 2019:

Marcus Vinicius Rodrigues aponta que não há diálogo entre os membros da pasta. “Foi um processo muito ruim, que mostrou a incompetência gerencial muito grande”, disse. Ele também declarou que, em três meses de governo, não houve nenhuma reunião de trabalho com o ministro da Educação.

Procurado pelo portal G1, o MEC não se pronunciou até o momento.

Perfil de Rodrigues

Marcus Vinicius Rodrigues é ex-professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e tem doutorado em engenharia. Ele estava no cargo desde 22 de janeiro e comandava o órgão do MEC responsável por exames como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Logo após a posse, defendeu a revisão do banco de questões do exame, criticou “ideologias e crenças inadequadas” dentro das escolas e defendeu a ação dos militares no golpe de 1964.

Demissões e polêmicas

A demissão de Rodrigues é a mais recente em uma série de mudanças nos cargos do alto escalão do MEC. Ela se soma a outras polêmicas que envolvem a área da educação no governo. O ministro Ricardo Veléz Rodríguez está no centro de uma crise política e de uma “guerra interna”, conforme afirma o colunista do G1 Valdo Cruz. Recentemente, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, disse que o MEC precisava de um “freio de arrumação”.

A portaria que adiava a avaliação de alfabetização levou à demissão da engenheira e professora Tania Leme de Almeida do cargo de secretária de Educação Básica do Ministério da Educação. Em sua despedida, ela disse que seu pedido de demissão é o “preço que paga” em sua luta por uma educação de qualidade.

 

Fonte: G1||

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