Essa semana foi farta em acontecimentos que marcaram e marcarão para sempre o pensamento político nacional e porque não dizer, também aqui na esfera municipal.
Em Brasília, não foram poucos os analistas que, a partir daquela tragicômica reunião do STF realizada no dia 22 de março, transmitida para todo o mundo e na qual, após várias horas em que jogaram ao ar muita verborragia, nossas excelências resolveram garantir ao ex-presidente Lula um salvo conduto que, convenhamos, sequer esteve na pauta do tal julgamento.
Ocorre que um bilhete que comprovava um compromisso que exigia até mesmo uma viagem aérea, previamente marcada por um dos senhores ministros, acabou sendo o passaporte para que toda a Corte, conhecida a senha, exausta, e após cumprir as formalidades e observar todas as vênias, marcasse para a quarta-feira (4), a nova data para se resolver aquilo que restou pendente (habeas corpus impetrado pela defesa de Lula).
E aí veio a grande surpresa! Quando todo mundo esperava que com a volta de Gilmar Mendes de Portugal, especialmente para dispensar alguns minutos na Corte, mas capazes de suprir o tempo necessário para seu voto em favor do ex-presidente, eis que, a ministra Rosa Weber surpreende a todos e empata o jogo, deixando a bola na marca do pênalti para que a ministra “Carminha” marcasse o tento final. Aí, a pendenga terminou com o placar de 6×5 e, ao que tudo indica, quando as ADIs pendentes descerem para julgamento, novamente a coisa poderá se inverter. Se isto ocorrer, todos os presos em condição de se beneficiarem dos inúmeros recursos que a lei prevê, poderão quem sabe, retardar suas condenações por algumas décadas e aí, as prescrições serão benvindas para muitos deles. Detalhe, o ministro Dias Tofolli já acenou com uma solução intermediária – que ele próprio chamou de 3ª via, para que o cumprimento de penas se dê após o exame e condenação por parte do STJ que, em primeira análise de recurso, tem levado em média 210 dias para analisar os pedidos.
Certo é que, os que se julgaram vitoriosos assim como os derrotados, em sã consciência, todos foram surpreendidos pelo voto de Rosa Weber. As intervenções de Marco Aurélio Melo, e de Levandowski quando ela começou a delinear ao final de sua fala, o voto, são prova disto.
Em Formiga não foi diferente o que se deu. Todo mundo, em especial os que rodeiam o prefeito, contavam com uma vitória na votação do projeto 115, na reunião da Câmara na segunda-feira (2). A torcida, presente para pressionar algum edil que porventura desviasse do voto prometido e mais que preparada para cantar a vitória, era realmente de grandes proporções. Do outro lado, uns poucos gatos pingados tentavam, apesar das intervenções do presidente da Casa, mostrar sua indignação contra o projeto que, a bem da verdade, muitos ali sequer conheciam na íntegra. Mas, apesar da pressão, da marcação homem a homem, até por intermédio de telefonemas em que se cobrou a fidelidade, falaram mais alto os argumentos trazidos à baila pelo vereador Sidney ferreira e os que os seguiram, de forma bem coordenada, foram um a um, derrubando a “falácia” que o erroneamente o “marketing” em favor do projeto adotou.
Após a fala de Joice Alvarenga, que a exemplo dos que a antecederam trouxe números e relembrou argumentos que no passado foram trazidos àquela Casa pelo Executivo e que, tudo indicava, agora seguiam a mesma receita; Cabo Cunha, ao deixar claro que entre pressões e promessas preferia acompanhar a vontade popular, por ele conferida por intermédio de seus familiares junto às redes sociais, arrastou os votos que faltavam já que, “perdido por um, perdido por todos”, como dizem alguns vereadores.
Esta derrota deve ter marcado, e bem, os mentores da política municipal, pois soou, do ponto de vista político, como mais forte (doída) do que aquela sofrida com a rejeição da Planta de Valores.
Resta saber se as partes envolvidas saberão reconhecer onde foi que errara e, quem sabe, num próximo embate, como disse a vereadora Wilse, tudo se dê de forma menos açodada e sem pressões. Este placar final de 7×2, da forma em que ocorreu, merece sim, análise mais aprofundada pelo dono do time e pelos notáveis que compõem sua comissão técnica.

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