Para quem não tem piscina nem mar à disposição para se refrescar no verão, a saída é ficar exposto ao ar-condicionado ou ventilador. Mas é preciso ficar atento à manutenção, à frequência e à intensidade de uso deles para evitar problemas respiratórios.
Segundo o otorrinolaringologista João Ferreira de Melo Júnior, do Hospital das Clínicas em São Paulo, os filtros do ar-condicionado ? seja de casa, do trabalho ou do carro ? devem ser trocados regularmente, de acordo com as orientações do fabricante.
Os aparelhos domésticos, em geral, precisam ser limpos a cada seis meses, dependendo de como e quando são utilizados. O problema é que muitas pessoas usam pouco o ar-condicionado em casa. A maioria só faz isso durante o verão. Aí ele vai se contaminando, acumulando germes, e o indivíduo acha que está igual à última vez em que foi ligado, destaca Melo Júnior.
Outra dica é não posicionar o vento diretamente para a pessoa e manter a temperatura agradável: entre 20º C e 22º C. O ideal é deixar o local fresco, como num dia de outono, recomenda a otorrinolaringologista Tanit Sanchez, professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Instituto Ganz Sanchez.
De acordo com ela, ambientes corporativos refrigerados a ponto de o funcionário precisar pôr casaco são contraproducentes. Muitos pacientes reclamam de choque térmico constante. E, quanto mais potente for o ar, maiores as chances de causar problemas pelo alto resfriamento ou pela expulsão de partículas de sujeira que o filtro havia absorvido, explica Tanit.
Noite refrescante
Os médicos destacam que o excesso de calor é um dos motivos de insônia nesta época do ano. Por isso, o ar-condicionado pode ser usado também para dormir, mas com moderação. Se o problema no verão for só pegar no sono, ligue o ar para resfriar o quarto e desligue-o antes de deitar. Caso a pessoa acorde muito durante a noite, aí pode deixar o ar em atividade por mais tempo, afirma a otorrinolaringologista.
A pediatra Ana Escobar, do Instituto da Criança, complementa: É importante arejar o quarto durante o dia e não deixá-lo frio à noite a ponto de ter que se cobrir com um edredom.
Alguns hotéis já têm ar-condicionado inteligente, que desligam sozinhos quando atingem determinada temperatura e, depois que o ambiente esquenta, religam-se. É como o sensor de um ferro de passar roupa.
Pessoas alérgicas e sensíveis
O otorrinolaringologista Melo Júnior ressalta que é mito achar que quem é alérgico não pode usar ar-condicionado, já que a função do produto é justamente absorver e filtrar impurezas. A única instrução é que pessoas com sensibilidade ao ar seco ou frio mantenham a temperatura mais baixa, com a porta aberta, para não ressecar demais o ambiente, sugere.
Indivíduos com sensibilidade a variações de temperatura têm sintomas parecidos aos de uma rinite alérgica (espirros e coceira no nariz), além de rouquidão e dor de garganta intermitente ? a região fica seca ou ?arranha?. Também podem pegar resfriado com mais facilidade.
Para prevenir dores de garganta, a médica Tanit recomenda, além de manter a temperatura moderada, cobrir o pescoço com um cachecol, lenço ou uma echarpe. Só não durma com nada enrolado na garganta, alerta. Em caso de dor, pastilhas podem ser usadas de forma preventiva e também no tratamento, que costuma incluir anti-inflamatórios.
No carro
A otorrinolaringologista indica ligar o ar-condicionado mais forte ao entrar no carro e, quando o veículo já estiver refrigerado, diminuir a potência até chegar ao número 1. O ideal é alternar o ar-condicionado com o da rua, para circular um pouco o vento convencional. Aí feche o vidro de novo e religue o ar, diz.
Ventilador
O ventilador ideal, segundo Tanit, é aquele que fica na altura do chão e cujo vento pode ser direcionado para cima. A opção ´exaustor´ é menos agressiva, pois muitas vezes fazer o ar circular já é suficiente para diminuir a sensação de calor, afirma.
As pás do aparelho também devem ser limpas com frequência, para não jogar a sujeira no ar, destaca o médico Melo Júnior.
Cuidados com a pele
Segundo a dermatologista Márcia Purceli, do Hospital Israelita Albert Einstein, o frio intenso pode agravar problemas de pele como rosácea (manchas avermelhadas no rosto, desencadeadas também por calor demais), psoríase e dermatite seborreica (a popular caspa, que pode dar nos cabelos e nas sobrancelhas).
O vento em excesso também pode causar uma doença chamada paralisia de Bell, que trava os músculos de um dos lados do rosto.

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