Uberaba, no Triângulo Mineiro, foi cenário de um filme de guerra. Dez bandidos armados até os dentes foram presos, nessa quinta-feira (27), após uma tentativa de assalto a banco. A quadrilha estava com 12 fuzis, um deles capaz de derrubar até avião. A apreensão do forte aparato, no entanto, não é um caso isolado e mostra o arsenal encontrado em mãos erradas no Estado. De janeiro a maio deste ano, mais de 10 mil armas irregulares foram recolhidas em Minas, média de 71 por dia.

O número divulgado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MG) chama a atenção. Para especialistas, muitos desses artefatos, principalmente os de grosso calibre, são obtidos por bandos de todo o Brasil nas fronteiras com países vizinhos. Uma das soluções apontadas para evitar o acesso é aumentar o contingente de policiais e reforçar as fiscalizações nessas áreas.

“É preciso ter mais apuração nesses locais para saber como essas armas entram no Brasil e como chegam até as quadrilhas”, alerta Islande Batista, ex-chefe do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio da Polícia Civil. Para o delegado aposentado, que atuou por 35 anos na corporação, apesar de o limite ser muito extenso, a Força Nacional deve se aprofundar nessas ações.

Propósito criminoso

Controles internos de inteligência, para identificar as quadrilhas e interceptar qualquer tipo de negociação, e operações mais sistemáticas. Essas são as sugestões de Carlos Augusto Marecos, advogado e membro da Comissão de Direito Criminal da OAB, em Uberaba. De acordo com ele, o rigor é necessário, pois essas armas chegam ao Brasil com endereço e objetivo.

“Arsenal de guerra de origem russa ou norte-americana, por exemplo, não chega com o intuito de oferecer segurança pessoal ao dono. O aparato tem propósito criminoso, de ações criminosas”, acrescenta o advogado. “Temos que tentar eliminar a procura por esse armamento”, define.

Porta-voz da Polícia Militar, o major Flávio Santiago explica que armamento pesado é encontrado em casos de crimes de maior gravidade, geralmente executados por grupos organizados, e sempre encaminhados à Polícia Civil. “Em outras situações, como as de armas irregulares, utilizamos a inteligência em segurança pública para acompanhamento de infratores, além de denúncias”.

Terror

Durante a tentativa de fuga, a quadrilha que tocou o terror na cidade do Triângulo Mineiro deixou três pessoas feridas por armas de fogo. A primeira, e a mais grave, uma mulher que levou um tiro na cabeça e estava internada em estado gravíssimo até o fechamento desta edição.

Conforme a PM, outros dois homens também foram alvejados, mas não correm risco de morrer.

 

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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