O mais importante personagem das artes visuais em 2013 foi? o público. Pessoas de todas as idades e faixas sociais fizeram filas na porta de instituições para ver exposições e não esconderam o encanto com o que viram. Movimento tão intenso que atingiu marca recorde em Belo Horizonte: quase meio milhão de visitantes. Se a conta incluir os sempre expressivos números dos que visitam Inhotim, na região metropolitana (315 mil pessoas), vai muito além dessa cifra. Estatística que fica incalculável se acrescida das dezenas de milhares que, atenciosamente, curtiram ‘A terra vista do céu’, mostra de fotos do francês Yann Arthuis-Bertrand, caprichosamente instaladas nas grades do Parque Municipal.
O sucesso de público colocou em evidência o crescimento da qualidade da programação de artes visuais em 2013, talvez a mais expressiva e variada em décadas. Revelou também o quanto a boa divulgação e o bom atendimento ao público são ingredientes que contribuem para que exposições de arte se afirmem como lazer qualificado.
‘A magia de Escher’
A exposição mais vista do ano foi, extensa e preciosa mostra da obra de artista singular, o holandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972). Apresentação de face do modernismo pouco observada, que faz com que as formas tradicionais se voltem contra elas mesmas, como faz, por exemplo, o escritor tcheco Franz Kafka com as fábulas, lendas e mitos.
Portinari
O público consagrou também a exposição ‘Guerra e paz’, dedicada a painel que Portinari (1903-1962) fez para a Organização das Nações Unidas (ONU). Um certo acordo entre inovação e aspectos tradicionais é opção do artista, que vê na comunicação criativa com o espectador um valor político.
Fotografia
Este ano, o público ganhou uma aula completa sobre fotografia moderna e contemporânea no Brasil. A parte histórica foi apresentada em duas mostras: ‘As origens do fotojornalismo no Brasil: um olhar sobre O Cruzeiro’ (1940-1960), e ‘Coleção Itaú de fotografia’. Um panorama mostrando caminhos atuais da fotografia veio com mostra especial, a melhor de 2013: o Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte, com imagens de 32 artistas de 19 países, em vários locais, entre eles as estações do metrô. E duas belas mostras solo: a de Pedro Motta, na Celma Albuquerque Galeria de Arte, e a de João Castilho, na Funarte. Em todos os casos, esteve em evidência o olhar sobre o mundo e, especialmente nos contemporâneos, a foto como arte.
Contemporâneos
O melhor da arte contemporânea veio de mostras que jogaram luz sobre artistas formados a partir dos anos 1960 e dos artistas que o moldaram, autores que vão ganhando, merecidamente, lugar importante na história da arte. Exposições que, voluntária ou involuntariamente, revelaram o olhar e a sensibilidade contemporânea, de certas obras e visão mais aprofundada da história da arte.
Pop-art
A mesma perspectiva pôde ser vista na ótima retrospectiva da carioca Wanda Pimentel, com singular pintura que faz dialogar pop-art, discussão da imagem e feminismo. Ou na mostra de Amilcar de Castro (1920-2002) privilegiando pintura que está nos limites da geometria e pluralidade de gestos postos pela obra. A atenção contemporânea para imaginários não hegemônicos pôde ser vista também na mostra ‘Mira!’, com 127 obras de 54 artistas, de 27 etnias e de cinco países ? Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru.
As pequenas
Nem só de grandes e panorâmicas exposições viveu o ano de 2013. Mostras deliciosas pela pequena escala, excesso de compromissos históricos e estéticos, que proporcionaram observação concentrada da singularidade de certos autores foram: ‘Borracharia Duchamp’, de Marcos Coelho Benjamim e a de pinturas de Ricardo Homem,. O mesmo espírito brilhou em homenagem ao centenário do escultor mineiro G. T. O. ? Gilberto Teles de Oliveira (1913-1990), e em ‘Universo Bordallo ? Bordallianos no Brasil’. Esta com cerâmica do português Rafael Bordallo Pinheiro (1846-1905), que também foi chargista.
Artes plásticas se consagram como setor de lazer e qualidade em BH
O sucesso de público colocou em evidência o crescimento da qualidade da programação em 2013, talvez a mais expressiva e variada em décadas.