Três letrinhas que resumem tudo que penso neste exato momento estão a perturbar meus pensamentos. Também, reconheço que carrego comigo alguns vícios e manias, em razão desta profissão que nem sei bem por quais motivos, abracei, faz muito tempo e que provavelmente também obrigam o tico e o teco a se postarem em permanente confronto.

Dentre estes vícios, confesso-lhes que gosto muito de zapear meu controle remoto entre as TVs oficiais (Justiça (?), Senado, Câmara e Cultura) sempre que disponho de algum tempo, em especial na soneca pós-almoço. É claro que neste zapear, muitas vezes fixo meus ouvidos – já que estranhamente não vejo TV,  ouço – o que é inclusive motivo de implicância por parte da patroa – e, como ia lhe dizendo, vez por outra, faço algumas paradas obrigatórias quando pressinto algo de novo sendo noticiado em qualquer telejornal.

Hoje, não sei por que cargas d’água, resolvi relembrar algumas notícias que circularam nos últimos tempos e que atrevo resumi-las para você, meu eventual leitor:

Em todas elas, a figura central focada, é aquele indivíduo que por alguma razão está hospedado por nossa conta, com direito a atendimento médico, dentista, psicólogo, sem se preocupar com a fatiota, já que na entrada da hospedaria ele recebe uniforme, corte de cabelo, tem segurança 24 horas/dia, recebe alimentação, tem direito a biblioteca, banho de sol e uma série de mordomias que o trabalhador aqui de fora do tal sistema a elas não tem direito.

Assim sendo, gostaria que você, leitor, meditasse sobe as seguintes notas, pinçadas por mim e que se relacionam a fatos recentemente ocorridos:

 

1 – Em greve, policiais civis do Rio protestam no aeroporto do Galeão

Policiais Civis do Rio de Janeiro fizeram na quinta-feira (16), um protesto no Aeroporto Internacional do Galeão, Antônio Carlos Jobim, entregando para os turistas no desembarque, panfletos em português e em inglês. Os policiais dizem que a situação dos organismos de segurança no estado está “caótica”. A categoria está em greve desde o dia 16 de janeiro para cobrar o pagamento do 13º salário, da premiação por metas desde dezembro de 2015 e das horas-extras trabalhadas durante as folgas. Desnecessário também é  lembrar-lhe aqui, das estranhas greves dos policiais militares ocorridas no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, deflagradas e bancadas, não por eles, policiais, mas por suas valorosas esposas ou companheiras.

E numa outra busca referente a pouco mais de 12 dias, encontrei esta pérola:

 

Para o STF, famílias de presos mortos em Manaus têm direito à indenização

Cabe a cada juiz definir o valor da indenização devida, dependendo do caso. Parentes dos 56 presos mortos na guerra entre facções, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, de Manaus, poderão obter indenizações do governo do Amazonas se entrarem com processos na Justiça. Em março de 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o poder público tem o dever de indenizar a família de detento que morrer dentro do presídio, mesmo que seja caso de suicídio. Essa decisão tem repercussão geral.

E na quinta-feira (16), o Supremo decidiu que presos em celas lotadas têm direito a receber indenização da administração pública.

Também esta  decisão tem repercussão geral, ou seja, deve ser aplicada por juízes de todo o país. O valor da indenização será fixado pela Justiça, dependendo do caso específico.

Durante o julgamento, o ministro Celso de Mello protestou contra a “desídia”, a negligência, do poder público em relação ao sistema carcerário.

E depois desta boa nova, já que nossa corte maior demonstra que se preocupa mesmo com esta classe laboriosa de cidadãos que sustenta esta nação, lembrei-me que li não sei onde, nem quando que:

 

Sobre o auxílio reclusão 2016

Todos os anos o valor máximo de salário para ter direito ao auxílio reclusão se altera. No ano de 2016, as famílias dos presos que tiverem o último salário maior que R$1.212,64 não podem solicitar o benefício.

 

Concluindo:

Muito bem. Por que tomei tanto tempo de você leitor, com estas informações que você certamente já as conhecia?

Simplesmente porque acho que não aguento mais ouvir aqueles discursos de quem de fato acha que manda neste país, para mim, democrático demais.  Seja lá em Brasília, seja nas Assembleias Legislativas e até mesmo nas Câmaras Municipais – aqui tivemos esta semana uma demonstração de como alguns de nossos representantes, eleitos por nós mesmos, pouco se importam com o que o povo (seu patrão) pensa e quer – também não pretendo mais assistir, pelo menos hoje, aquela turma de capa preta fingindo que vota e defende sempre a tal Carta Magna, quando ao ver de quem como eu julga conhecê-la, ainda que minimamente, se tem a impressão de que em nome de acordos espúrios, ente os tais poderes, ela é simplesmente rasgada se não no todo, em partes conhecidas como pétreas, aquelas que jamais poderiam ser modificadas.

E  é na condição de brasileiro, aposentado com aquela mixaria, que aos mais de 72 anos de idade, trabalhando para sobreviver, assisto com tristeza este país se afundar mais e mais a cada dia. E tome impostos. Trabalhando mais de cinco meses por ano, para sustentar toda esta “cambada”, me viro para manter em dia meu plano de saúde e seguro de vida, enquanto milhões de bandidos, apaniguados por outros iguais, só que de colarinho branco e muitas vezes de toga, produzem e nos obrigam a aceitar tudo isto que está resumido no corpo deste texto.

Só me resta, leitor amigo, justificar o título desta “lamentação”, concluindo e dizendo o que nunca gostaria de afirmar:  Infelizmente nasci aqui e assim sendo, sou brasileiro, P.Q.P., três letrinhas mágicas capazes de resumir tudo que sinto.

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