Fotos: Guilherme Dardanhan

 

 

 

Redação Últimas Notícias    

As comissões de Meio Ambiente (Dalmo Ribeiro), e de Minas e Energia (Professor Cleiton) da Assembleia Legislativa promoveram audiência pública nessa segunda-feira (13), a qual contou com a participação de mais de 300 pessoas (deputados federais, estaduais, prefeitos 25 cidades, vereadores, representantes da Capitania dos Portos (Paulo Rafael Ambrósio),  empresários e outros convidados, todos interessados na defesa do estabelecimento de uma cota mínima para o lago de Furnas, de forma que essa venha permitir o multiuso, sem interrupções, de das águas, reconhecidamente o maior vetor de geração de emprego e renda em extensa região deste estado.

Representante de Furnas (Marcelo Roberto Rocha Carvalho), da Secretaria de Desenvolvimento do Estado (Marcelo Ladeira) e um representante do Ministério do Turismo (Robson Napier) também ali se fizeram presentes.

Foto: Guilherme Dardanhan

O deputado Professor Cleiton presidiu os trabalhos. A mesa foi ainda composta por diversos outros membros da Assembleia Legislativa de Minas. Dentre estes anotamos: Odair Cunha (federal) e os estaduais Dalmo Ribeiro, Antonio Carlos Arantes, Duarte Bechir, Cássio Soares e outros que mais tarde ali chegaram.

A preocupação com o volume do Lago de Furnas e a defesa de que seja respeitada uma cota mínima de água no local deram o tom da audiência pública.

A maioria dos participantes da audiência defenderam a proposta de se manter, no mínimo, a cota em 762 metros acima do nível do mar, que seria o mínimo para manutenção das atividades turísticas, de navegação, da piscicultura e outras atividades econômicas que se valem das águas de Furnas.

Segundo informou um representante de Furnas (Marcelo Roberto Carvalho), esta prática, se adotada, poderáter impactos na geração de energia. Além disso, dependeria de mudanças em leis, inclusive federais. Marcelo, que é o gerente de Programação Energética e Hidrometeorologia da empresa, respondeu críticas dos deputados Cássio Soares (PSD) e Antônio Carlos Arantes (PSDB) de que os níveis de água estariam baixos devido à falta de planejamento da matriz energética brasileira.“Nosso planejamento é de longo prazo, cinco anos, com programa mensal de operação sendo revisado semanalmente, para as atividades menores. Um aumento nos níveis do reservatório tem impactos(…)”.

O Prefeito de Boa Esperança e presidente da Alago, Hideraldo Henrique Silva, disse que as cidades do entorno precisam do lago e da movimentação econômica, inclusive turística, que ele gera. “O governo tem de pensar além do fornecimento de energia elétrica. Hoje, estamos 97 centímetros abaixo da cota mínima solicitada (762) e as chuvas já acabaram. Precisamos lutar por nossos interesses, pensar o reservatório para todos os usos, não só na geração de energia”, declarou.

Foto: Guilherme Dardanhan

A presidente do Circuito Turístico do Lago de Furnas, Thayse de Castro afirmou que o lago cheio compensaria eventuais impactos financeiros da eletricidade não gerada: “O turismo alavanca economias, no Brasil e no mundo. A geração distribuída de energia e as usinas fotovoltaicas poderiam ser alternativas para minimizar o eventual impacto, alegado por Furnas. Precisamos pensar nisso com seriedade”.

Na reunião desta segunda-feira, foi proposto o lançamento da Frente Parlamentar Itamar Franco, para defender dos interesses do Estado e dos municípios do entorno do lago, todos impactados pela utilização do reservatório de água por Furnas Centrais Elétricas. O nome da frente é uma homenagem ao ex-presidente, que se destacou pela defesa da estatal de energia elétrica, quando havia ameaça de privatização da empresa.

O diretor de Energia da Subsecretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcelo Ladeira, criticou a intenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de mudar a regra sobre a geração distribuída de energia.

“Aqui temos 11% da demanda do país e 25% da geração distribuída. Segundo a nova regra, haveria uma cota de geração distribuída, que, quando atingida, significaria subsídios retirados dessa geração. Ou seja, seríamos penalizados por termos sido mais eficientes e nos adiantarmos”, explicou.

Foto: Guilherme Dardanhan

Após fazer sua exposição, o gerente de Furnas se retirou da reunião, sendo criticado pelo prefeito de Cristais (Centro-Oeste de Minas), Djalma Francisco Carvalho. “Mineradoras e usinas chegam aos nossos municípios, degradam, desrespeitam e saem de maneira impune. Na década de 1960, as águas de Furnas inundaram terras mais férteis da minha cidade, causando tristeza e desolação. Agora, esse lago artificial é o bem mais precioso que temos”, declarou.

Visita:

Os deputados Professor Cleiton, Dalmo Ribeiro Silva, Antônio Carlos Arantes e Duarte Bechir (PSD) apoiaram a iniciativa do deputado Cássio Soares de levar as reivindicações dos municípios ao governo federal, em Brasília, e à direção de Furnas, no Rio de Janeiro, por meio de visita da comissão. Os parlamentares também lamentaram a falta de uma atuação maior do Ministério do Turismo e pediram a intervenção do Ministério Público, caso seja necessário. “O turismo é a mola propulsora do desenvolvimento no mundo todo. Porque aqui não pode acontecer o mesmo? ”, questionou Cássio Soares.

Foto: Guilherme Dardanhan

Também presente, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG) manifestou apoio à cota mínima em Furnas.

Vários prefeitos presentes, vereadores, empresários e convidados fizeram o uso da palavra, rebatendo as respostas do representante de Furnas e enaltecendo a inciativa os deputados mineiros que, finalmente, se posicionam bravamente em defesa do Lago de Furnas.

O auditório ficou completamente lotado sendo que muitos dos participantes ali permaneceram das 14h30 às 18h40, em pé, mas demonstrando interesse e apoio à defesa da causa que, como foi dito, não é só dos municípios lindeiros, é de todo o Estado de Minas que, conforme reiterou o deputado Professor Cleiton, há décadas tem suas águas roubadas para beneficiar outros estados a jusante.

Pela manhã, no Gabinete do deputado professor Cleiton foi grande a movimentação de membros da Alago que, em companhia do jornalista Paulo Coelho, traçaram metas para a condução da audiência, que acabou tendo que ser transferida de local em razão do grande público presente.

Confira o resumo da entrevista feita pela TV assembleia com o jornalista que iniciou, por meio da imprensa, a convocação dos municípios lindeiros, representados pela Alago, para ações que agora culminam com a instituição de um movimento de grande porte liderado pela ALMG.

A Frente Itamar Franco se propõe a agir no estado e na União em defesa dos interesses do lago, fixando como meta a adoção de uma cota mínima (762).

 

Foto: Guilherme Dardanhan

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Confira no site da ALMG vídeo completo da audiência:

*Com informações e vídeo da ALMG –  Fotos: Guilherme Dardanhan

 

 

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