O ano de 2012 começa com um desafio para todas as escolas do Brasil: incluir aulas de música na grade curricular de 58 milhões de alunos dos ensinos fundamental e médio. A determinação vem da lei federal 11.769, do Ministério da Educação (MEC). Publicada em agosto de 2008, a norma deu três anos e meio de prazo para a adaptação pelas instituições. Com o limite para ajustes próximo do fim, as escolas, em especial as públicas, sem tradição na disciplina, têm o desafio de não só atender à lei, mas de cumpri-la com qualidade.
Em Belo Horizonte, 160 professores da rede municipal de ensino foram capacitados recentemente pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para as aulas, que serão ministradas a partir do ano que vem como parte da disciplina de artes. A mesma estratégia de incluir os ensinamentos musicais no conteúdo de artes foi usada pela rede estadual. E a Secretaria de Estado de Educação informou que também já capacitou seus professores.
Mesmo com a burocracia em dia, a coordenadora do Centro de Musicalização da Escola de Música da UFMG, Betânia Parizzi, teme que as escolas não estejam preparadas para oferecer as aulas. O número de professores é insuficiente para atender uma demanda tão grande. A licenciatura em música é um curso recente e que ainda está formando os profissionais. Vamos demorar para ter um ensino de qualidade.
Para a especialista, há ainda uma preocupação de ordem artística, já que a capacitação de profissionais de outras áreas não assegura qualidade. A musicalização não é apenas uma aula instrumental, não é simples assim.
A mesma opinião tem a professora de música da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), Helena Lopes da Silva. De acordo com ela, além da qualificação, os educadores devem se preocupar em como essas aulas serão aplicadas. A música não pode ser algo imposto. É preciso que esses profissionais respeitem e saibam lidar com a realidade musical desses alunos. É preciso estímulo, destaca.
O temor do despreparo é presente também nos próprios profissionais que irão ministrar as aulas. A capacitação é superficial e não acredito que as aulas serão dadas de forma correta, diz uma professora da rede pública que pediu para não ter o nome revelado.
Tradição
Em grande parte das escolas particulares de Belo Horizonte, a música já é tradição no currículo. No colégio Santo Agostinho, no bairro de mesmo nome, na região Centro-Sul da capital, por exemplo, há 25 anos os alunos da educação infantil e fundamental trabalham com a disciplina.
As aulas, ministradas uma vez por semana, contam com educadores especializados, que tratam desde a história da música até a performance em orquestras. Nossa preocupação é desenvolver a sensibilidade do aluno, afirma Karla Jaber, professora de música.

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