Os diferentes males causados por vírus, bactérias ou outros microrganismos, transmitidos durante a relação sexual, que pareciam estar, pelo menos, sob controle, voltaram a ser motivo de preocupação entre profissionais da saúde. Sífilis, gonorreia e a Aids – causada pelo HIV – são algumas das doenças que tiveram aumento de casos no país nos últimos anos. Esse cenário levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a emitir um alerta recentemente sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).

Dados do Ministério da Saúde mostram que, do ano de 2010 até junho de 2016, foi registrado um total de 227.663 casos de sífilis adquirida, popularmente conhecida como cancro duro. Esse aumento “gradual e persistente” intensificou-se nos últimos cinco anos, segundo o presidente Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estevão Urbano.

De acordo com o infectologista, esse aumento deu-se principalmente entre os jovens. “De 20 a 25 anos teve uma maior incidência porque é exatamente nessa faixa etária que as pessoas têm tido menos rigor nas estratégias de prevenção”, afirma.

No caso da Aids, os dados divulgados pela Unaids, órgão das Nações Unidas para lidar com a epidemia, apontam que o total de novas infecções a cada ano no Brasil aumentou em 3% entre 2010 e o ano passado, em tendência contrária ao que registra a média mundial. No planeta, a taxa contraiu 11%.

Esse aumento foi paradoxalmente provocado pela melhoria no tratamento, que passou a garantir uma expectativa de mais de 15 anos a quem tem o vírus, diz o presidente da SMI. “Esses avanços fizeram com que as pessoas perdessem um pouco o receio da doença. Elas banalizaram os atos de prevenção e não se protegem tanto”, diz Urbano.

Mais do que a necessidade novas campanhas e políticas públicas, Urbano vê nesse fenômeno um aspecto cultural latente. “O ser humano tem um tino aventureiro e vai se adaptando muito às situações, passando a ter práticas pouco preventivas mesmo que esteja consciente dos riscos”, afirma.

Terminologia

O termo Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) substituiu a expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) para destacar a transmissão de uma infecção mesmo sem sintomas.


N
o Brasil

827 mil pessoas convivem com o vírus HIV e têm Aids.

112 mil pessoas vivem com HIV e ainda não sabem.

500 mil casos de gonorreia são registrados anualmente.

14.199 casos de hepatite B foram notificados em 2016.

27.358 pessoas contraíram hepatite C no ano passado.

1,4 mi de mortes foram causadas pelas hepatites virais em 2015.

32,7% foi o aumento da sífilis adquirida entre 2014 e 2015.


Antibióticos podem causar supergonorreia

A gonorreia é outra IST que preocupa. A bactéria atinge os órgãos genitais, a garganta, os olhos e o ânus e, quando não tratada, pode causar dor durante relações sexuais e gravidez nas trompas, entre outros danos à saúde. Mas, segundo a OMS, o sexo oral e as relações sem camisinha estão disseminando outra perigosa forma da doença: a supergonorreia. De acordo com o Ministério da Saúde, “não há registro de casos de gonorreia super-resistente no país”.

Conforme análise do infectologista Estevão Urbano, a causa da gonorreia resistente aos antibióticos está relacionada ao uso indiscriminado desses medicamentos no mundo inteiro. “Isso faz com que tratamentos tradicionais falhem e a terapêutica fique restrita a alguns poucos medicamentos”, diz.


Clamídia

É causada por bactéria, gera um ardor forte ao urinar ou corrimentos genitais. Pode causar infertilidade, além de aumentar o risco de a pessoa ser infectada pelo vírus HIV.

 

 

Fonte: O Tempo ||

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