No calendário o ano mudou, mas o setor supermercadista ainda convive com um velho problema do ano passado: a falta de mão de obra, principalmente qualificada. Para cargos como padeiro, sushiman e sommelier, a vaga chega a demorar até seis meses para ser ocupada. Mas a realidade também se estende para os caixas.
O setor está com 2.000 vagas do ano passado abertas no Estado e a perspectiva, conforme o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, é que sejam gerados mais 8.000 postos de trabalho no segmento neste ano. Preencher essas vagas é o grande desafio, já que os salários não são tão atrativos.
Uma caixa do supermercado Carrefour disse que recebe cerca de R$ 650 por mês e que trabalha até 9 horas por dia e que, por isso, há grande rotatividade em seu setor. No último sábado, por volta de 14h, a loja do Carrefour no shopping Del Rey tinha apenas quatro atendentes nos caixas normais (excluindo aqueles para poucos volumes e os prioritários para gestantes e idosos). Todos eles estampavam em suas camisetas avisos de que estavam em treinamento.
Um funcionários disse que a loja tem 15 vagas abertas e não preenchidas. As filas eram longas e todos os clientes reclamavam muito. Procurado, o gerente da loja não apareceu. Em nota, o Carrefour informou que está selecionando profissionais em Belo Horizonte.
Concorrência com outras atividades, trabalho em horários diferentes do convencional, o que inclui finais de semana e feriados, pouca ou nenhuma qualificação dos interessados são alguns dos fatores apontados pelos representantes do segmento que dificultam o preenchimento dos cargos oferecidos.
Os setores que estão apresentando um bom desempenho na economia, como a construção civil, que têm uma remuneração mais competitiva, acabam despertando a atenção das pessoas que estão em busca de emprego. Também disputamos profissionais com a rede hoteleira. O fato é que quem oferece mais, consegue os melhores colaboradores disponíveis, analisa a gerente de Recursos Humanos (RH) do Grupo Aliança (Super Nosso e Apoio Mineiro), Ana Luiza Mendonça de Souza. Para tentar amenizar a situação, empresários do segmento estão investindo em programas de formação e qualificação. E há supermercados oferecendo planos de carreira. Temos que mostrar que existe possibilidade de crescimento dentro da empresa, que vale a pena se qualificar. No nosso caso, se os colaboradores chegam no nível master, o salário dobra, frisa a gerente.
Ponte
Ana Luiza ressalta que os cargos como embaladores, repositores e caixas devem ser encarados pelos profissionais como uma ponte, o primeiro passo na carreira, que poderá crescer, se ele investir na formação. Uma pessoa que começa com um salário mínimo na empresa, pode chegar a ganhar R$1.200 se fizer o curso de sushiman, que leva seis meses, conta.
Atualmente, o grupo possui 4.380 funcionários, número que deverá aumentar em 2012 com a abertura de quatro lojas. Cada unidade deve empregar em torno de 200 pessoas. No ano passado foram 2.400 postos de trabalho.
A gerente de RH conta que o Super Nosso chegou a ter vagas para padeiro e sushiman que demoraram seis meses para serem ocupadas.

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