Estudo da ONG Transparência Brasil divulgado ontem informa que 360 dos 513 deputados federais usaram exatamente o teto de R$ 90 mil por semestre – em pelo menos um semestre desde 2007 – da verba indenizatória fixada para cada parlamentar. Ou seja, 70% dos deputados gastaram o limite máximo permitido com a verba no período.
Dos 360, 59 deputados – dos quais 11 de Minas, que lidera o ranking – são reincidentes, declararam ter utilizado todo o recurso disponível em todos os quatro semestres analisados em 2007 e 2008.
O estudo, intitulado Improbabilidade cósmica, questiona o fato de as despesas somarem exatamente o limite permitido de gasto com a verba. A probabilidade de um deputado qualquer apresentar notas fiscais que somem precisamente o montante máximo num único semestre é de cerca de 0,0002%, ou seja, dois décimos-milésimos por cento. A probabilidade de conseguir a façanha em todos os quatro semestres é de aproximadamente 1 para 10 elevado à 21ª potência, isto é, 1 seguido de 21 zeros. Isto é quase o número de estrelas que existem no universo observável, que é de cerca de 10 elevado à 23ª potência. Isto para um único deputado, detalha o estudo, elaborado pelo coordenador de projetos da ONG, Fabiano Angélico.
O coordenador ressalva no estudo, concluído agora, que é impossível afirmar taxativamente que todos esses casos configurem má-intenção e que tenham resultado de massagem deliberada de notas fiscais por parte dos deputados em questão, mas destaca que semelhante coincidência seria cosmicamente improvável para o conjunto deles. Pelos cálculos, para que o fenômeno se repita simultaneamente em quatro semestres seguidos para os 59 deputados, a chance de que isto seja obra do acaso é inferior a 1 para 10 elevado à 84ª potência, um número que é dez mil vezes maior do que a quantidade de átomos do universo – cerca de 10 elevado a 80ª potência. A ONG enviou o estudo à Câmara.

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