O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em forte queda nesta sexta-feira (6), renovando mínimas que não eram atingidas desde agosto, em mais um dia de estresse nos mercados externos, em meio às preocupações sobre a real eficácia de medidas como cortes de juros para blindar as economias dos impactos do surto de coronavírus.

Às 11h18, o Ibovespa caía 4,60%, a 97.534 pontos. Na mínima até o momento, chegou a 97.488. A última vez que o índice fechou abaixo dos 100 mil pontos foi no dia 8 de outubro, quando encerrou a 99.981 pontos. Veja mais cotações.

No ano, a queda do Ibovespa já passa de 15%.

Entre as principais quedas, as varejistas Via Varejo e Lojas Americanas caíam mais de 10% e 8%, respectivamente. Petrobras tinha queda de 7% e Vale, de 6%. Já a Azul e a Gol recuava mais de 5%.

Na véspera, a bolsa brasileira teve queda de 4,65%, encerrando a sessão a 102.233 pontos.

“À medida que os casos de coronavírus no mundo não param de crescer e colocam em ‘xeque’ a capacidade das principais economias globais reagirem ao surto, cresce o temor de uma recessão global. Mais empresas anunciaram cortes nas projeções para 2020, e vários bancos americanos já começam a anunciar planos de contingência. Diante disso, o mercado pode estar se lembrando de como a bolsa costuma reagir historicamente a momentos de recessão”, escreveu a equipe da corretora Rico.

Preço do petróleo cai mais de 5%

Na Europa, as principais bolsas tinham queda de mais de 3% nesta sexta e o preço do barril de petróleo recuava 5%, após rumores de que a Rússia não apoiaria o chamado da Opep para a redução extra na produção, segundo a Reuters.

Nos EUA, os rendimentos dos títulos do governo norte-americano registravam nesta sexta novas mínimas históricas, com o aumento da procura dos investidores por ativos considerados mais seguros. O rendimento das notas de referência do Tesouro de 10 anos caiu para uma baixa recorde de 0,7650%.

Nos mercados externos, as ações ligadas a empresas aéreas e do setor de turismo e lazer lideravam as baixas dos dias, uma vez que pessoas em todo o mundo têm cancelado viagens não essenciais.

Mais de 98.000 pessoas foram infectadas em mais de 85 países e mais de 3.300 pessoas morreram, segundo contagem da Reuters.

Na véspera, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) informou que o setor de transporte aéreo de passageiros pode sofrer perdas de até US$113 bilhões em receita este ano.

Previsão de alta menor do PIB em 2020

Após um início de ano de maior otimismo sobre as perspectivas para a economia brasileira, preocupações em torno dos impactos do coronavírus na economia global e incertezas sobre o ritmo de aprovação de reformas no Congresso têm derrubado as projeções para o PIB do Brasil em 2020.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão de crescimento da economia mundial para 2020, passando a projetar um crescimento de 2,4%, menor expansão desde 2009 e ante expectativa anterior de 2,9%.

Para o Brasil, por ora, os economistas avaliam que a economia deve crescer entre 1,5% e 2% neste ano.

O ministro Paulo Guedes reafirmou nessa quinta-feira (5) que o regime é de câmbio flutuante e que o modelo econômico mudou, pois os juros são baixos. Afirmou também que acredita que não há fuga de capital e reiterou que o impacto do coronavírus no Brasil deve ser limitado, pois o país é uma economia fechada.

 

Fonte: G1 ||
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