O Brasil concluiu as negociações com o México para limitar a importação de carros, modificando um acordo que vale desde 2002 e que, nos últimos anos, tem registrado saldo altamente favorável ao México.
De acordo com nota divulgada pela Secretaria de Economia do México, as mudanças valem por três anos e estabelecem cotas anuais.
A decisão foi tomada em reunião nesta quinta-feira (15), na Cidade do México, entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, e representantes do governo mexicano.
No ano passado, as exportações mexicanas superaram das brasileiras em cerca de US$ 1,5 bilhão.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior brasileiro chegou a informar que o acordo havia sido fechado. Trinta minutos depois, disse que não poderia confirmar o fechamento. Mas o anúncio já está no site da Secretaria de Economia mexicana.
Segundo a nota, foram estabelecidas 3 cotas para importação de carros: de US$ 1,45 bilhão para o primeiro ano; US$ 1,56 bilhão para o segundo; e de US$ 1,64 bilhão para o terceiro. Após os 3 anos, voltam a valer as regras atuais, de livre comércio, afirma o governo mexicano.
Na manhã desta quinta, no Recife, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que um dia antes esteve no México, afirmou que os países passariam a adotar cotas de importação, mas não informou valores. Eu acredito que vai ser um bom acordo para o Brasil e para o México. Nós vamos adotar cotas flexíveis, cotas móveis, a partir de uma média móvel dos últimos anos, declarou.
Aumento do conteúdo regional
A Secretaria de Economia do México informou ainda que o país aumentará o conteúdo regional nos veículos que produzir, saindo de 30% para 35% durante o primeiro ano, e, num quinto ano, para 40%. Esses percentuais são calculados sobre o valor do veículo e a elevação também foi uma solicitação do Brasil.
Carros brasileiros precisam ter 65% de conteúdo nacional, por determinação do governo federal, para escapar da alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), estabelecida no ano passado para os veículos importados. O percentual é calculado sobre o faturamento da montadora com o carro. Automóveis feitos no México, Argentina e Uruguai estão automaticamente desobrigados do IPI maior e, além disso, são isentos da taxa de importação de 35%.
Sobre as negociações de veículos pesados, o governo mexicano afirma que haverá consultas para homologação de normas técnicas e ambientais.
Pela manhã, o ministro Pimentel afirmou que a minuta do acordo deveria ser concluída ainda nesta quinta. O ministro Patriota permaneceu no México para as negociações finais. A assinatura, no entanto, só deve acontecer na próxima semana, ainda segundo Pimentel.
Negociações
Há pouco mais de um mês os dois países têm discutido mudanças no acordo, após alta nas importações de carros vindos do México. Em 2011, o país foi o terceiro que mais vendeu carros para o Brasil, perdendo apenas para Argentina e Coreia do Sul. No ano passado, enquanto o Brasil exportou apenas 55 mil para o mercado mexicano, foram importadas de lá 134 mil unidades. Atualmente, 12 modelos mexicanos são vendidos no país.
Com a mudança no acordo, o Brasil espera diminuir essa diferença. Isso [o acordo] vai diminuir o impacto, mas não vai eliminar, nem pode. Nós somos uma economia aberta. Esse acordo vai incentivar mais a fabricação de autopeças brasileiras para ser incorporadas aos carros que vão ser exportados para o México, declarou Pimentel nesta quinta.
O México é o maior exportador de veículos da América Latina, com uma produção total de 2,5 milhões em 2011 dos quais 2,1 milhões foram vendidos ao exterior, quase 70% deles aos Estados Unidos. O ministro afirmou que não houve pressão de outros países no acordo. Essa é uma negociação bilateral, entre o Brasil e o México apenas, não houve pressão externa.

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