O brasileiro está encerrando o ano mais endividado do que estava em 2006. O volume de crédito na praça para pessoas físicas, indústria, produtores rurais e setor público atingiu em novembro 34,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, maior volume desde junho de 1995, quando correspondia a 34,7% das riquezas produzidas em território nacional, segundo dados do Banco Central (BC). O crédito tomado alcançou R$ 908,8 bilhões no mês passado, com elevações de 3,1% ante outubro e de 26,7% em 12 meses. Somente para as pessoas físicas foram destinados R$ 309,5 bilhões. De acordo com a Serasa, entre janeiro e novembro, o crédito para esse segmento cresceu 31,3% ante igual período de 2006.
Da montanha de dinheiro que movimentou a economia pela via do crédito em novembro, além dos recursos destinados às pessoas físicas, R$ 44,4 bilhões foram para a habitação, R$ 205,2 bilhões para a indústria, R$ 88,3 bilhões para o crédito rural e R$ 18,6 bilhões para o setor público. De acordo com o BC, a demanda por dinheiro por parte das empresas concentrou-se na modalidade de capital de giro, o que significa o aumento de financiamentos tanto para novos investimentos quanto para reposição de estoques do comércio e da indústria. Já a maior procura por empréstimos por parte das famílias, sobretudo para a aquisição de automóveis, foi estimulada pelas condições favoráveis do mercado de crédito e pelos indicadores positivos relacionados ao mercado de trabalho.

Calote menor
Segundo o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, enquanto o crédito ao consumidor cresceu 31,3% de janeiro a novembro, na comparação com os 11 primeiros meses de 2006, a inadimplência no período avançou apenas 1%. ?A comparação é muito positiva para o crédito, mas vale lembrar que a inadimplência cresceu sobre uma base de comparação considerada alta?, afirma. Segundo ele, isso indica que, apesar da redução dos juros básicos da economia (Selic) e dos juros ao consumidor, o crédito no Brasil continua caro. ?O peso da inadimplência na formação da taxa de juros é de quase 40%?, sustenta.
O especialista lembra que, mesmo com as boas perspectivas de crédito e de renda para 2008, há dúvidas quanto ao comportamento da inflação, pressionada pelo reajuste dos preços dos alimentos e por um possível reajuste nos combustíveis, uma vez que o petróleo subiu no mercado internacional e essa alta ainda não foi repassada pela Petrobras no Brasil. Por isso mesmo, ao comprometer sua renda com empréstimos ou prestações de longo prazo, o consumidor deve ficar atento porque o dinheiro disponível para o consumo será menor. ?O alongamento dos prazos de pagamento facilita a administração do orçamento, mas exige do consumidor uma educação financeira muito maior. Quem assume uma dívida longa passará muitas datas comemorativas sendo obrigado a manter os gastos sob controle?, avisa.
Segundo o BC, a taxa média de juros cobrada das pessoas jurídicas passou de 23,4% em outubro para 23,3% ao ano. Para as pessoas físicas, a taxa média recuou de 45,8% para 44,8%. O spread bancário ? diferença entre a taxa de captação dos bancos e a cobrada dos clientes ? caiu de 24,4 para 23,5 pontos percentuais.

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