O goleiro Bruno Fernandes depôs por cerca de 40 minutos na manhã desta terça-feira (28) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O atleta leu a carta em que sua noiva, Ingrid Oliveira, conta sobre o esquema envolvendo a juíza Maria José Starling que receberia R$ 1,5 milhão para conceder um habeas corpus ao jogador.Além disso, o atleta também confirmou que ouviu a proposta de seu então advogado, Robson Pinheiros.
Bruno disse não ter percebido a intenção da juíza, que era chamada de ?amiga? por Pinheiros. O ex-jogador do Flamengo e do Atlético afirmou que estava ali para defender sua noiva.
O atleta falou mais uma vez sobre as ameaças que sofreu de Edson Moreira, um dos delegados responsáveis pela investigação da morte de Eliza Samudio. Moreira teria pedido R$ 2 milhões para acusar o amigo de Bruno, Macarrão, e o adolescente que estaria envolvido no caso.
Após rejeitar a proposta, Moreira teria ameaçado matar as filhas do goleiro. Conforme o atleta, o delegado o ameaçou fazendo a seguinte pergunta: O que você iria achar se descobrisse pedaços das suas filhas por Minas Gerais?. Além dessas acusações, Bruno fez questão de falar que Edson Moreira nunca o perguntou sobre o envolvimento dele no desaparecimento de Eliza Samudio. Segundo o goleiro, o delegado queria que ele contasse uma história pronta e chegou a sugerir que ele inventasse onde estavam as partes do corpo da desaparecida.
Bruno contou que não tem regalias na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, e terminou seu depoimento afirmando ser inocente.
Cláudio Dalledone, atual advogado de Bruno, foi ouvido antes de seu cliente e também reforçou a existência do esquema. Ele contou sobre um encontro entre ele e Pinheiros, que ocorreu em fevereiro deste ano, em um hotel em Belo Horizonte. Na ocasião, Pinheiros afirmou estar com o habeas corpus nas mãos.
Eles vendiam o esquema, mas eu duvido que ele existia de fato, ressaltou o paranaense.
Abalado, o goleiro chorou durante a abertura da audiência, enquanto o presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Durval Ângelo, falava sobre os desmandos da juíza Maria José Starling.
A noiva de Bruno, Ingrid Oliveira, que também irá prestar depoimento, chegou escoltada pela polícia e manteve a cabeça baixa durante o início da audiência.
Esquema
O suposto esquema contaria com a participação do advogado Robson Pinheiro. Segundo Ingrid, ele teria sido indicado pela juíza, em outubro, para intermediar o processo. Maria José Starling receberia R$ 1,5 milhão para conceder um habeas corpus ao goleiro.
Um vídeo de 42 minutos que comprovaria o pedido de propina deve ser exibido.
Outra prova que também pode ser apresentada nesta terça são livros com dedicatórias da juíza endereçados a Bruno e cartas que ela teria enviado ao jogador na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana. O material confirmaria a proximidade da magistrada com o goleiro, preso há um ano acusado de matar a ex-namorada Eliza Samudio.

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