Nesta quarta-feira (26), a Vigilância em Saúde de Divinópolis voltou a vistoriar campos de futebol interditados devido à infestação de carrapato na cidade. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) informou que quatro campos vão permanecer interditados.

Conforme o órgão, a decisão foi tomada depois que carrapatos voltaram a ser encontrados pela vigilância nos campos do Candelária, Bom Sucesso (no bairro Porto Velho) e no bairro Manoel Valinhas.

Durante esta quarta-feira, a varredura foi feita também nos campos do Inter de Milão (bairro Danilo Passos), Flamengo (bairro Niterói) e no Divinópolis Clube, resultando na liberação desses espaços para o público.

Nessa terça-feira (25), outros três campos também foram liberados para frequentadores: o da Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), do Estádio Waldemar Teixeira de Faria (Farião) e do Clube dos Servidores Municipais.

A Semusa informou que os responsáveis pelos locais que continuam interditados serão orientados a realizar a dedetização.

Entenda o caso

No início de agosto, a Prefeitura interditou o Parque da Ilha após a confirmação da morte de duas pessoas por febre maculosa e que teriam frequentado o local dias antes de apresentar os sintomas. O local é considerado um ponto de infestação do carrapato-estrela, que é transmissor da doença.

O Centro de Treinamento do Flamengo, que fica nas imediações do Rio Itapecerica e do Parque da Ilha, também foi interditado no dia 30 de agosto.

Já no dia 31 de agosto, a Prefeitura interditou o Estádio Waldemar Teixeira de Faria, o “Farião”, utilizado pela equipe do Guarani. Nesse dia, a Vigilância em Saúde informou que estava fiscalizando campos de futebol e escolas próximas às áreas ribeirinhas do município.

Em 3 de setembro, o município suspendeu as aulas da Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro, localizada ao lado do Parque da Ilha, devido ao risco de infestação. Contudo, a Prefeitura afirmou que não foram encontrados carrapatos no local. No dia 10, os mais de 200 alunos da instituição foram transferidos para uma escola estadual na cidade.

No dia 5 de setembro, a Prefeitura suspendeu as atividades em campos de futebol de dois clubes devido ao risco de que a infestação do carrapato chegasse a esses locais. Ainda foi interditado o campo da Associação de Moradores do Bairro Danilo Passos.

Casos da doença

Até o momento, Divinópolis apresentou quatro casos confirmados da doença. Desses, três evoluíram para óbito e apenas uma menina, de oito anos, sobreviveu. No dia 10 de setembro, a Prefeitura afirmou que dois novos casos da doença estavam sob investigação.

Ainda no dia 14 de setembro, uma mulher de 40 anos morreu após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto. O caso não foi tratado pela Prefeitura exclusivamente como suspeita de febre maculosa porque a paciente apresentava alguns sintomas diferentes, mas a doença transmitida pelo carrapato não estava descartada.

O primeiro caso confirmado de febre maculosa foi o de uma jovem de 24 anos. Ela morreu no dia 30 de junho após dar entrada no Hospital São João de Deus (HSJD) com dores no corpo e febre alta.

O segundo caso confirmado é o de um idoso de 81 anos que morreu no dia 23 de julho. Ele foi internado no Hospital Santa Mônica com febre alta e dores no corpo. A vítima chegou a ser encaminhada à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não resistiu.

O terceiro caso foi confirmado em um idoso de 63 anos, que morreu no dia 4 de agosto. Segundo a Secretaria de Saúde, o paciente havia frequentado o Parque da Ilha, apontado pela Prefeitura como um dos pontos de risco da cidade. A Prefeitura também informou que o idoso chegou a ser encaminhado para o hospital, mas teve uma rápida evolução do quadro clínico.

O quarto caso confirmado na cidade foi o de uma criança de oito anos, aluna da Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro. Ela ficou internada no Hospital São João de Deus, mas foi liberada e passa bem, segundo a Prefeitura.

Comissão permanente

No dia 13 de setembro, a Prefeitura e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) definiram a criação deuma comissão permanente de combate à febre maculosa na cidade.

A comissão ficou responsável por realizar ações a médio e longo prazo para combater a doença e foi criada após o MPMGinstaurar um procedimento para apurar as medidas que a Prefeitura vinha adotando no controle de carrapatos e da população de capivaras, principal hospedeiro do aracnídeo.

Doença do carrapato

A febre maculosa, ou febre do carrapato, é causada por uma bactéria que se hospeda em três espécies de carrapatos, sem o mais comum o carrapato-estrela. O aracnídeo, por sua vez, é encontrado em animais silvestres e domésticos.

Os primeiros sintomas da doença, como febre, vômito, dor muscular e manchas vermelhas pelo corpo, aparecem após sete dias da picada e pode acarretar falências renais e hepáticas e até a morte, caso não seja tratada a tempo.

Não só o carrapato adulto, mas também a larva e a ninfa do carrapato podem transmitir a febre maculosa e o controle do aracnídeo é a única forma de evitar a proliferação da doença.

 

Fonte: G1 ||

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