O câncer é a principal causa de morte em cerca de 10% (516) dos 5.570 municípios brasileiros, sendo mais fatais do que qualquer outro fator, como doenças, acidentes de trânsito e a violência. É o que aponta pesquisa divulgada nessa segunda-feira (16) pelo Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Os tumores malignos matam mais em três Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais – terceiro com maior número de cidades (84) onde a doença mais faz vítimas. Com população até 5 mil pessoas, Tapiraí (75%), São Bento Abade (46%), Rochedo de Minas (45%), Água Comprida (52%) e Marliéria (40%) são os cinco municípios mineiros com maiores taxas de mortes por câncer.

Entre aqueles com maior população, Montes Claros (Norte de Minas), com 394.350 habitantes, teve 18% de todas as mortes provocadas pela doença (383 óbitos em 2015).

O levantamento foi feito com base nos números oficiais mais recentes do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), de 2015, mostra ainda que a maior parte desse universo de 10% das cidades brasileiras está localizada em regiões com maiores expectativa de vida e Índice de Desenvolvimento Humanos (IDH).

Dos 516 municípios onde os tumores mais matam, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140) do país. As cidades em questão concentram uma população de 6,6 milhões de pessoas. Onze delas são consideradas de grande porte – entre elas Montes Claros –, sendo Caxias do Sul (RS) a mais populosa, com quase meio milhão de habitantes e índice de morte provocado pelo câncer de 25% (669 óbitos).

O levantamento revela ainda que em 2015 foram registradas 209.780 mortes por câncer no Brasil – aumento de 90% em relação a 1998, quando foram registrados 110.799 óbitos pela doença.

O crescimento das mortes por neoplasias durante o período, segundo o relatório, foi quase três vezes mais rápido que o crescimento dos óbitos provocados por infartos ou derrames. E a projeção do estudo é de que caso a trajetória seja mantida, em pouco mais de uma década os tumores serão responsáveis pela maioria dos óbitos em todo o país.

Em vigor desde 2012, a Lei nº 12.732 do Ministério da Saúde estabelece que o tratamento oncológico no Sistema Único de Saúde (SUS) deve se iniciar no prazo máximo de 60 dias a partir do diagnóstico, no entanto, apenas 80% dos pacientes conseguem ter esse acesso. Por isso, na avaliação do 1º secretário do CFM, Hermann von Tiesenhausen, os dados são alarmantes, mas ainda podem estar subnotificados. Para a coordenadora do movimento e presidente e da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), Merula Steagall, o objetivo do estudo é “alertar as autoridades para a necessidade de investir mais em diagnóstico precoce”.

No mundo

O câncer é responsável por 8,2 milhões de mortes todos os anos, segundo a OMS. Cerca de 14 milhões de novos casos são registrados por ano, e a previsão é que as notificações devam subir até 70% nas próximas duas décadas.

 

 

Fonte: O Tempo||

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