Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF/DF) contra o contraventor Carlos de Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira e mais cinco pessoas por lavagem de dinheiro. A acusação é de que o grupo usou a compra de uma fazenda para ocultar a origem de recursos obtidos por meio de atividades criminosas.

Além de Cachoeira, também se tornaram réus na ação Rossini Aires Guimarães, Cláudio Dias de Abreu, Gleib Ferreira da Cruz, Adriano Aprígio de Souza e Matheus Paiva Monteiro.

O advogado de Cachoeira, Cléber Lopes, disse que seu cliente é “absolutamente inocente”. “A denúncia foi feita em julho do ano passado. Um ano para acatar o pedido já demonstra a sua inconsistência. Não existe compra de fazenda. O que existe são diálogos soltos falando sobre uma fazenda e que não é o Carlos”, afirmou.

De acordo com o MPF/DF, a investigação é decorrente da Operação Monte Carlo, que desarticulou um esquema de exploração ilegal de caça-níqueis em Goiás, comandando por Cachoeira. Porém, o caso foi encaminhado para Brasília uma vez que a propriedade fica no Distrito Federal.

A denúncia é assinada pelo procurador da República Ivan Cláudio Marx. O inquérito policial apurou que o imóvel custou R$3,5 milhões e que foi pago com dinheiro oriundo da exploração de jogos de azar. Do total, R$ 2,7 milhões foram pagos em espécie e depósitos bancários. O restante – R$750 mil – foi quitado com a cessão de um avião.

A investigação descobriu ainda que  não ficou comprovado sequer quem era o verdadeiro dono da fazenda. Há ainda indícios de que uma empresa de fachada foi usada para pagar parte dos valores.

Além disso, não havia registro da fazenda em cartórios do DF. A suspeita do MPF/GO é que o grupo pretendia aliciar agentes públicos para garantir a regularização da terra.

Operação Monte Carlo

A Operação Monte Carlo foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) em 29 de fevereiro de 2012. Ela trouxe à tona gravações telefônicas que derrubaram o então senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), abasteceram duas CPIs, uma no Congresso e outra na Assembleia Legislativa de Goiás, e causaram mudanças nos comandos da Segurança Pública goiana.

Em junho daquele ano, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, apontado pela PF como braço político de Cachoeira, prestou depoimento à CPI da Delta. Segundo ele, o jornalista Luis Carlos Bordoni chantageava Cachoeira para não expor as relações dele com Demóstenes. Conforme Garcez, Bordoni teria pedido R$200 mil.

Na ocasião, o jornalista negou as acusações ao portal G1. “Refuto qualquer acusação, de qualquer nível e de qualquer pessoa em relação à minha moral. Quem me conhece até acha graça nessa tentativa de jogar na lama um nome que há 50 anos se dedica ao jornalismo. Quarenta anos somente em Goiás”, defende-se.

Carlinhos Cachoeira foi preso no dia em que a Operação Monte Carlo foi deflagrada, acusado de chefiar o esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal. Ele ganhou liberdade em 11 de dezembro de 2012.

No dia 30 de junho de 2016, Cachoeira foi novamente preso, no condomínio de luxo onde mora, em Goiânia, durante a Operação Saqueador, deflagrada pela Polícia Federal. A ação teve como objetivo prender pessoas envolvidas em um esquema de lavagem de R$ 370 milhões desviados dos cofres públicos. Ele foi solto no dia 17 de agosto do ano passado, para cumprir pena em casa, na capital goiana.

Desde o início da Operação Monte Carlo, Cachoeira já foi condenado pelos crimes de peculato, corrupção, violação de sigilo, violação de sigilo funcional e formação de quadrilha.

A condenação mais recente foi por contrabando de máquinas de caça-níqueis, no dia 10 de março deste ano, com pena de seis anos e três meses de prisão. De acordo com o procurador da República, Rafael Parreira, foi a terceira condenação de Cachoeira no âmbito da Operação Monte Carlo, e ainda cabe recurso. Ele responde aos crimes em liberdade.

 

Fonte: G1 ||

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