O estudante de direito do Rio de Janeiro que pegava ônibus todos os dias para ir à faculdade, deixava o Gordini em casa, pois não podia andar nele por ter transformado-o em um carro de corrida. Cintra correu com seu Gordini no autódromo de Jacarepaguá e em Petrópolis.
Para conseguir esses feitos, o carro foi todo modificado, tinha quatro para lamas, as quatros portas, capu dianteiro e traseiro todos em fibra de vidro, desta forma, o peso do veículo foi bem reduzido. Também foi um dos primeiros Gordini`s a usar aro 13, fabricado pela Gran Prix, em São Paulo, especialmente para ele, motor 1.000CC, com bielas de alumínio, válvula grande, comando especial Pierre Feri, carte de 4,5 litros de óleo em chapa, colector de admissão e descarga Jean Redele, carburador Weber 40 DCOE, caixa de direção curta, quatro amortecedores na suspensão traseira, bomba de gasolina elétrica, contra giro especial cedido pelo Grego, que vai até 8.000 giros.
Com todas essas modificações, o Gordini chegava ao final da reta de Jacarepaguá a 160 quilômetros por hora.
Para construir esse carro, Nelson Cintra contou com a ajuda de dois amigos: Fernando Feiticeiro e Greco, os quais tiravam as dúvidas dele, só que, quando o carro ficou pronto, já havia carros mais modernos e as corridas eram contra Alfa, Ford GT 40, Fitti Porsche, BMW, Lotus, Mark1 e outros protótipos e carros esportivos com motores mais potentes.

O reencontro e premiação nas exposições nacionais
No ano de 1969, Cintra vendeu o carro. Por volta da década de 90, ele encontrou um Gordini em um ferro velho, no lote 15, perto de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Tinha apenas um mono bloco podre. O que chamou a sua atenção foi uma barra que tinha em baixo do painel de instrumentos, a qual apenas carros de corridas usavam. Chegando em sua casa conferiu o número da plaqueta com os documentos originais que estavam na posse dele.
Segundo Nelson Cintra, ele adquiriu novamente o seu Gordini 1965 e levou mais 20 anos para recuperá-lo, importando peças da Argentina, França Espanha e de onde fosse preciso para deixá-lo idêntico ao que ele era antes de vendê-lo. E este é o único Gordini de corrida feito por particular no Brasil e que está no site Francês dedicado aos Renault competições.
Após ter recuperado o carro de corrida, Nelson Cintra participou das três maiores exposições do Brasil e foi premiado em todas: Em 2009 participou do XX Encontro de Automóveis Antigos em Forte ? Copacabana (RJ), também expôs o Gordini no XVIII Encontro Sul Brasileiro de Veículos Antigos no Parque de Exposições de Nova Petrópolis (RS) e este ano participou do XV Encontro Paulista de Autos Antigos em Águas de Lindóia (SP).
Na semana passada, Nelson Cintra seguiu com seu Gordini para uma exposição de carros antigos em Araxá e passou por Formiga com o veículo. Ele chegou na cidade na terça-feira (1º) e foi para o evento em Araxá na quarta-feira (2), sendo que a exposição ocorreu até no sábado (5). Cintra retornou a Formiga com o veículo no domingo (6) e voltou para o Rio de Janeiro nesta segunda-feira (7).
Nelson Cintra decidiu doar o Gordini para o Museu do Automobilismo Brasileiro de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Ele informou que já recebeu várias propostas de compra do carro, mas que prefere doá-lo ao museu do seu amigo Paulo Trevisan, devido à paixão que tem pelo carro.

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