Aumento do recreio. Essa era a principal exigência das manifestantes, que, por meio de cartazes de protesto, conseguiram alcançar a demanda e beneficiar todos os estudantes do turno.

A manifestação, organizada por crianças de 8 e 9 anos de uma escola de BH, viralizou por todo o Brasil nas redes sociais nos últimos dias, sendo que a publicação original teve quase 12 mil compartilhamentos e mais de 90 mil curtidas em 48h. As informações são do portal O Tempo.

Os cartazes contam com a frase “Aumenta o recreio!” e, em um deles, é possível ver a adesão de uma figura bastante conhecida no Brasil, Paulo Freire, o Patrono da Educação Brasileira e autor da “Pedagogia do Oprimido”. Na ilustração, é possível ver a mão do educador e filósofo saindo de seu túmulo, é claro, com um cartaz de apoio ao movimento.

A autora da publicação, uma psicóloga de 27 anos que é auxiliar de supervisão pedagógica da instituição de ensino, localizada na região Centro-Sul da capital mineira disse: “Foi muito rápido e pessoas do Brasil inteiro apoiaram, criaram hashtags”, conta. 

Ela explicou que a reclamação das alunas surgiu após a volta às aulas com a pandemia da Covid-19, já que, pelo protocolo da Prefeitura de Belo Horizonte, os alunos foram separados por bolhas.

“Eles tinham 30 minutos de recreio e administravam o tempo. Uns comiam em 5 minutos e brincavam por 25, outros jogavam bola e comiam no final. Agora, eles passam 15 minutos se alimentando na sala, em silêncio para não falarem sem máscara, e outros 15 livres, de recreio mesmo”, detalha. 

Depois de uma aula de português, em que foi ensinado sobre os cartazes como maneira de se expressar, as três meninas se juntaram para se manifestar. “Foi tudo muito espontâneo, e deu para ver que elas aprenderam muito bem, já que deu muito certo a manifestação. E ainda chamaram Paulo Freire para compor o argumento”, brincou a psicóloga. 

Rotina

Ainda de acordo com a auxiliar de supervisão pedagógica da escola, esse tipo de coisa não é novidade na instituição de ensino, que aplica o método de ensino conhecido como construtivista, que defende que os alunos devem ter centralidade no processo de aprendizagem. 

“Os meninos se manifestam sempre através de cartazes e bilhetes. Por exemplo, teve uma época que tinha alguns alunos correndo pelo corredor. Os estudantes conversaram e pregaram um bilhete na parede avisando que o barulho incomodava todo mundo”, lembrou. 

Depois da repercussão nacional do protesto, a escola realizou uma assembleia (outra atividade de rotina na instituição) e foi possível chegar a uma solução para a reclamação das alunas. 

“Foi decidido que o tempo do recreio seria ampliado para 30 minutos em três dias diferentes da semana, com a devida separação das três turmas de fundamental no turno da tarde. Um grupo pequeno conseguiu, por meio dos cartazes, aumentar 15 minutos de recreio para todas as turmas. Em breve teremos uma assembleia no turno da manhã para os estudantes também decidirem sobre o assunto”, contou, orgulhosa, a psicóloga. 

Fonte: O Tempo

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