Por Gleiton Arantes

Os carteiros da agência dos Correios de Formiga aderiram à greve nacional por tempo indeterminado. A paralisação foi decretada na noite dessa terça-feira (10) em assembleias realizadas em diferentes estados do país.

Os funcionários da agência local se reuniram em frente à central dos Correios, no bairro Quinzinho, na manhã desta quarta-feira (11) para anunciarem a paralisação.

Dos 15 carteiros que atualmente prestam serviços em Formiga, apenas quatro não aderiram à greve. 

Apenas os carteiros paralisaram os trabalhos, os atendentes da agência trabalharão normalmente.

A mobilização foi convocada pela Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect). No Brasil, são 36 sindicatos e todos aderiram à greve.

Em entrevista ao Últimas Notícias, os carteiros que fazem parte do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) de Formiga explicaram que a categoria quer impedir a redução dos salários e de benefícios, e é contra a privatização da estatal, que foi incluída no mês passado no programa de privatizações do governo Bolsonaro.

O reajuste salarial de 0,8% é um dos principais pontos reclamados pela categoria. No entanto, os trabalhadores querem também a reconsideração quanto à retirada de pais e mães do plano de saúde, melhores condições de trabalho e outros benefícios.

“O governo não quer negociar com a categoria e ainda pretende cortar benefícios como diminuir a gratificação de férias de 70% para 30%, tirar o vale-alimentação no período de férias e ainda cortar o ticket extra que o funcionário tem direito no final de cada ano. Em relação ao aumento salarial, o governo quer reajustar em apenas 0,82% e ainda privatizar a empresa alegando que não está dando lucro”, explicou um dos carteiros.  

De acordo com os funcionários, nos anos anteriores, o reajuste salarial variava de acordo com a inflação, um aumento em média de 2 a 3%. Caso esses benefícios sejam cortados, cada carteiro irá perder aproximadamente R$500 ao mês. A data-base da categoria é 1º de agosto.

“Em relação ao Plano de Saúde, minha mãe está com 77 anos e faz acompanhamento médico. Eles querem tirar esse benefício, mantendo apenas para o funcionário, esposa, marido e filhos. É no momento em que nossos pais mais precisam desse benefício e eles [governo] querem tirar”, explicou um dos carteiros de Formiga.

Os funcionários acataram a ordem do sindicato e não há previsão para que eles retornem ao trabalho.

Em nota, a direção dos Correios informou ter participado de 10 encontros com os representantes dos trabalhadores para apresentar propostas dentro das condições possíveis, “considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$3 bilhões”.

“O principal compromisso da direção dos Correios é conferir à sociedade uma empresa sustentável. Por isso, a estatal conta com os empregados no trabalho de recuperação financeira da empresa e no atendimento à população”, informou a estatal.

O CDD Formiga, denominado Sem Fronteiras, abrange ainda as cidades de Pains, Pimenta, Córrego Fundo, Capitólio e Piumhi. Alguns funcionários destas cidades também aderiram à greve.

“Eles alegaram que os Correios não dão lucro, mas aqui em Formiga foi contratada mão de obra temporária para nos auxiliar. Estamos sobrecarregados, fazendo hora extra, trabalhando aos sábados. Há mais de cinco anos que os Correios não fazem concurso, pois a ideia é mesmo privatizar. Será se houver mesmo essa privatização, a qualidade vai continuar a mesma? Essa privatização não é interessante para o funcionário e nem para a população”, destacou o funcionário da agência de Formiga.

Nesta quarta, os funcionários de Formiga irão às cidades da região para apoiar os carteiros.   

De acordo com nota emitida pela categoria, são 100 mil trabalhadores e famílias que dependem diretamente dos Correios e que engrossarão a fila do desemprego em uma possível privatização.    

Funcionários da agência de Lagoa da Prata
Funcionários da agência de Arcos
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