A Catalunha tem nesta quarta-feira (16) o terceiro dia de protestos contra sentença que condenou de 9 a 13 anos de prisão os líderes do movimento fracassado de independência catalã de 2017 (leia mais abaixo sobre a ofensiva). O governo afirmou que 51 pessoas foram detidas nesta madrugada em várias cidades.

De acordo com o ministério do Interior, 29 pessoas foram detidas na província de Barcelona, 14 em Tarragona e oito em Lleida.

Além disso, 54 policiais regionais e 18 policiais nacionais ficaram feridos. Alguns deles sofreram fraturas, de acordo com o Ministério do Interior.

Na noite de terça-feira (16), um violento confronto entre manifestantes e policiais ocorrido no centro de Barcelona. Cerca de 40 mil pessoas participaram de uma manifestação na cidade. À noite, policiais tentaram dispersar a multidão e houve confronto.

Também foram registrados confrontos nas cidades de Tarragona, Lleida e Girona, onde foram organizadas concentrações diante das respectivas sedes das delegações do governo espanhol. Nesta manhã, grupos pró-independência caminhavam em uma estrada perto de Girona. Não havia registro de confrontos violentos.

Manifestantes andam na estrada AP-7, perto de Girona, nesta quarta-feira (16). Eles protestam contra a condenação de líderes independentistas — Foto: Pau Barrena / AFP

Pena de prisão e início dos protestos

Na segunda (14), a Suprema Corte da Espanha condenou nove líderes da tentativa frustrada de independência da Catalunha a penas de prisão que vão de 9 a 13 anos por sedição (uma forma mais branda de rebelião contra autoridade). Outros três réus foram absolvidos da acusação de malversação de dinheiro público e não foram condenados à prisão.

Lideranças do movimento pró-independência da Catalunha convocaram manifestantes e foram prontamente atendidos. Confrontos com policiais deixaram 131 feridos. A maior parte deles, 115, estavam no aeroporto El Prat, onde um manifestante perdeu o olho e um outro, parte dos testículos.

Manifestantes bloquearam com carrinhos a entrada do terminal do aeroporto de El Prat, na região metropolitana de Barcelona, nos protestos contra as prisões de dissidentes da Catalunha — Foto: Bernat Armangue/AP Photo

Os réus, que estão há meses em prisão preventiva, receberam as seguintes penas:
• Ex-vice-líder do governo regional catalão, Oriol Junqueras, foi condenado a 13 anos;
• Raül Romeva, Jordi Turull e Dolors Bassa foram condenados a 12 anos;
• Josep Rull e Joaquim Forn pegaram 10 anos e meio;
• Ex-presidente do Parlamento Carme Forcadell foi condenada a 11 anos e meio;
• Líderes das associações separatistas ANC e Òmnium Cultural, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart foram condenados a nove anos.

Os outros três réus Santi Vila, Carles Mundó e Meritxell Borràs, que respondem em liberdade, foram isentos da acusação de malversação de dinheiro público, mas foram considerados culpados pelo crime de desobediência por envolvimento no referendo de outubro de 2017, realizado apesar de uma proibição, e na curta declaração de independência catalã. Eles receberam uma multa.

O Ministério Público tinha pedido até 25 anos de prisão contra os 12 acusados, responsáveis pelo Executivo e pelo Parlamento da Catalunha, assim como pelas influentes associações separatistas.

A decisão provocou protestos nas cidades da Catalunha, e houve confrontos com a polícia. Em Barcelona, capital da região, mais de 100 voos no aeroporto El Prat foram cancelados após tumulto entre policiais e manifestantes que tentaram invadir o terminal.

Mandado de prisão internacional

O principal ausente nesse julgamento é o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, que ele mora na Bélgica para fugir da justiça espanhola após a fracassada declaração de independência da Catalunha. Em caso de crimes graves, a Justiça espanhola não julga à revelia.

Foto de arquivo mostra Carles Puigdemont — Foto: Hannibal Hanschke/ Reuters


Porém, em uma outra decisão, o juiz Pablo Llarena emitiu um novo mandado de prisão internacional contra o ex-presidente catalão Carles Puigdemont “por crimes de sedição e desvio de recursos públicos”.

Tentativa de independência

A sentença contra os separatistas volta a colocar a questão da Catalunha no centro do debate político, a menos de um mês de novas eleições nacionais legislativas, em 10 de novembro.
A ofensiva independentista da Catalunha atraiu a atenção do mundo, provocou a maior crise política espanhola em décadas e causou apreensão nos mercados financeiros.

Em 1º de outubro de 2017, os independentistas organizaram um referendo para decidir sobre a independência da região, que tinha sido proibido pela Justiça espanhola. O resultado da votação foi amplamente favorável à separação da Catalunha apesar do forte esquema judicial para impedir a sua realização.

Em 27 de outubro, os separatistas catalães proclamaram uma república independente, de forma unilateral. Horas mais tarde, o governo espanhol, então dirigido pelo conservador Mariano Rajoy, destituiu em bloco o Executivo de Puigdemont, dissolveu o Parlamento catalão e suspendeu a autonomia da região.

 

Fonte: G1 ||
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