A noite mais violenta do ano na Grande São Paulo, deixou 19 pessoas mortas e sete feridos em Osasco,  Barueri e Itapevi,  em um intervalo de aproximadamente duas horas e meia, nesta quinta-feira (13). Outras sete pessoas ficaram feridas.

De acordo com o Secretário da Segurança Pública do estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, 15 mortes foram em Osasco, três em Barueri e uma em Itapevi. “É a maior chacina deste ano”, afirmou o secretário. Seis vítimas já foram identificadas – cinco delas tinham antecedentes criminais.

Na maioria dos casos as ações foram semelhantes. Homens encapuzados estacionaram um carro, desembarcaram e dispararam vários tiros contra as vítimas.

Em alguns locais dos crimes, testemunhas disseram que os assassinos perguntaram por antecedentes criminais, o que definia vida ou morte das pessoas.

A polícia apura o elo entre os crimes e a morte de um PM e de um guarda civil nos últimos dias na região. Ninguém havia sido preso até o começo da tarde desta sexta-feira (14).

“Não há uma hipótese principal de investigação, mas não é descartada a possível relação com dois outros latrocínios que ocorreram na sexta-feira passada e o outro em Barueri”, disse o secretário.”Não descartamos nenhuma hipótese, e o envolvimento de Policiais no caso deverá ser uma das teses possíveis levadas em consideração”, completou.

Ao todo, 12 locais foram atacados nesta quinta. Investigadores encontraram neles cápsulas de armas de revólver calibre 38, 380 e pistola 9 mm – esta última é uma arma privativa das Forças Armadas. Segundo o secretário, a perícia vai analisar as cápsulas para ver se os crimes teriam sido cometidos pelo mesmo grupo ou por grupos diferentes.

Na operação, trabalhará uma equipe de 50 policiais civis, sendo 30 Demacro e 20 do DHPP. Serão 12 peritos e 8 médicos legistas. Na tarde desta sexta, haverá uma reunião do secretário da Segurança com a Seccional de Osasco para definir a sequência da investigação.

Onde foram os ataques

Os ataques começaram às 20h30, em um bar no Jardim Munhoz Júnior, em Osasco, já perto do limite com Barueri. Quatro pessoas baleadas morreram no bar.  Outras seis morreram pouco depois ao serem socorridas.

Uma testemunha informou como foi a ação dos criminosos. “Chegaram dois carros com vários indivíduos, em frente ao bar. Não procuraram por ninguém. Chegaram aqui, bateram em todo mundo que eles viram e saíram correndo rapidamente, saíram rua abaixo e chegaram aqui embaixo, onde deram mais tiros em um pessoal que estava parado lá, também não acertou ninguém, mas foram embora”, relatou a testemunha, que não quis se identificar.

Vários ataques ocorreram nas horas seguintes em outras ruas de Osasco: Moacir Sales D’Ávila, Suzano, Vitantônio de Abril e Professora Sud Menucci e nas avenidas Eurico Cruz e Astor Palamin. Segundo testemunhas, os ataques aconteceram até as 22h na cidade.

 

Já em Barueri, uma pessoa foi morta por volta das 22h15 na Rua Carlos Lacerda. Cerca de uma hora depois, outros dois homens foram assassinados a tiros na Rua Irene. “Esses dois indivíduos baleados estavam sentados tomando uma bebida quando pessoas saíram do carro e passaram a atirar contra eles”, disse o sargento da PM Flávio Sabino.

Parte dos feridos foi levada para o Hospital Municipal de Barueri e para o Hospital Geral de Itapevi. Um dos sobreviventes foi baleado no rosto e foi operado em Itapevi. Outro rapaz, atingido no abdômen, também passou por cirurgia e está na recuperação na unidade de Barueri.

Moradores relatam ataques

Mensagens de áudio compartilhadas pelo aplicativo Whastapp relataram os ataques em série na Grande São Paulo na noite de quinta-feira (14). As gravações obtidas citam pessoas baleadas em diferentes pontos de Osasco, além da descrição de veículos usados por supostos atiradores e a chegada de mortos a um hospital (ouça no vídeo acima e leia trechos dos áudios abaixo).

“Vocês que estão em casa, não saiam mais de casa. Estou aqui no pronto-socorro com o meu avô e acabaram de chegar mais de 10 pessoas mortas porque teve uma chacina aqui no começo do [Jardim] Imperial”

“É um Palio prata e uma [moto] 300 [cilindradas] amarela. Dois caras na 300. Não sai para a rua não, está tenso. Mataram mais dois aqui”

“O barato é sério. Os caras pegaram uns oito aqui na final da [Avenida] Diretriz. Na Eurico [Avenida Eurico da Cruz] deram uns tiros ali também. Lá no [bairro Jardim] Helena [Maria]. Os caras tá (sic!) rodando com um Vectra preto, tá sentando o pau na rua ai. Vamos ficar em casa, de boa, ai pessoal”.

“Acabaram de matar mais três caras aqui na Eurico [Avenida Eurico da Cruz]. Dois aqui na pracinha, no começo, e outro aqui embaixo. Metralharam o moleque”.

Famílias das vítimas dos ataques foram ao IML de Osasco para liberar os corpos na manhã desta sexta-feira (14). Em desespero, os familiares diziam-se revoltados com a falta de segurança em seus bairros e que seus parentes não tinham qualquer ligação com o mundo do crime.

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G1

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