A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, afirmou nesta terça-feira (24) que recebeu relatórios confiáveis ​​sobre graves violações cometidas pelo Talibã no Afeganistão, incluindo “execuções sumárias” de civis e de forças de segurança afegãs que se renderam.

Bachelet não deu detalhes sobre os assassinatos em seu discurso ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), mas pediu ao grupo que estabeleça um mecanismo para monitorar de perto as ações do Talibã.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU está realizando uma sessão de emergência sobre o Afeganistão, e a alta comissária também afirmou que a forma como o Talibã vai tratar as mulheres será uma “linha vermelha” para o grupo extremista.

Também nesta terça, líderes dos países do G7 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Canadá) se reúnem virtualmente para debater a crise no país.

“Uma linha vermelha fundamental será a forma como o Talibã trata as mulheres e as meninas e como respeita seus direitos à liberdade de movimentação, à educação, à expressão pessoal e ao emprego, de acordo com as normas internacionais em termos de direitos humanos”, afirmou Bachelet.

A ex-presidente chilena também defendeu que “garantir o acesso a uma educação do Ensino Médio de qualidade para as meninas será um indicador essencial do compromisso com os direitos humanos”.

A sessão acontece a pedido do Paquistão, que coordena a OCI (Organização para a Cooperação Islâmica) para os direitos humanos e questões humanitárias, e do Afeganistão, por um diplomata nomeado pelo governo deposto pelo Talibã, e teve o apoio de quase 100 de países.

Durante o debate, quase 60 países apresentaram uma declaração conjunta com um apelo para “o fim imediato dos assassinatos seletivos de defensores dos direitos humanos”.

Nasir Ahmad Andisha, o diplomata afegão nomeado pelo antigo governo, pediu ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos uma “mensagem forte a todas as partes, incluindo os talibãs, para fazer com que entendam que os ataques contra os direitos humanos terão consequências”.

Talibã e os Direitos Humanos

Desde seu retorno ao poder, no dia 15, o Talibã tenta convencer a população e a comunidade internacional de que mudou e que o novo governo será menos brutal do que quando comandou o país pela primeira vez, entre 1996 e 2001.

Na época, o Talibã adotava uma visão extremamente rigorosa da lei islâmica (sharia) e impunha restrições sobretudo às mulheres, que eram impedidas de trabalhar e estudar.

As visões islâmicas ultraconservadoras incluíam apedrejamentos, amputações e execuções públicas e a proibição de músicas, filmes e até a televisão.

Fonte: G1

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