As chuvas acima da média que atingem praticamente todo o Estado trazem problemas que extrapolam as inundações e os deslizamentos em Minas Gerais. A pista molhada aumenta a tragédia anual nas rodovias mineiras durante o período de férias, que tem média, nos últimos quatro anos, de quase 200 mortes só nas estradas federais nos meses de dezembro e janeiro. Quando nesse período chove acima do esperado, como neste ano, o número de acidentes cresce 30%, e o de mortes, 18%, o que exige mais cuidados para quem viaja nesta época do ano.

Nos quatro últimos períodos de férias em Minas (dezembro/janeiro), o acumulado de chuva ficou abaixo da média histórica. Mesmo assim, as rodovias federais tiveram, em média, 3.950 acidentes, com 197 mortes em cada período. Já nos meses de dezembro de 2011 e janeiro de 2012, quando o volume de chuva ficou bem acima do normal em todas as regiões do Estado, o número de acidentes foi de 5.143, com 233 mortos, 30% e 18% acima, respectivamente.

Os números confirmam uma realidade já percebida pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de que quando chove aumenta o trabalho no atendimento de ocorrências e o número de vítimas envolvidas. “A chuva só traz prejuízos ao motorista. Ele sofrerá com menor aderência dos pneus à pista. Com isso será mais difícil fazer as curvas, a distância de frenagem aumenta, e, somada a tudo isso, a visibilidade fica prejudicada. Quando chove é quase certo que os agentes da PRF terão que atender mais ocorrências”, explica o assessor de imprensa da Polícia Federal, inspetor Aristides Júnior.

A PRF ainda não tem as estatísticas desse início de dezembro, mas a chuva na rodovia é a causa mais provável de uma série de acidentes na BR–381, na última quarta-feira. Oito pessoas de duas famílias morreram em dois engavetamentos na altura de Oliveira, na região Centro-Oeste. O ponto inicial dessa tragédia foi um veículo que saiu da pista, provavelmente por aquaplanagem, provocada por velocidade acima da adequada para as condições da pista no momento, já que chovia forte.

Para o consultor de trânsito Osias Baptista, a chuva deixa o cenário rodoviário brasileiro ainda mais trágico. “O que as pessoas têm que ter em mente é que quando estão no trânsito é o momento em que suas vidas mais correm risco de uma morte por fatores externos. Se você está na estrada durante a chuva, o risco é maior. Por isso, o motorista têm que ser prudente e atento. Se mesmo assim ele trafega acima da velocidade, ele está aumentando ainda mais as chances de morte”, analisa.

 

Duplicada

O risco de aquaplanagem é maior justamente nas rodovias duplicadas. Com condições melhores, os motoristas se sentem seguros para andar em uma velocidade maior, conforme a PRF.


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odovias

Estrutura

Osias Baptista explica que as condições da pista também interferem na segurança do motorista em caso de chuva. Ele destaca que a drenagem da rodovia deve ser eficiente e que as tachas refletivas (olhos de gato) dão visibilidade às faixas.

Administradoras

A Via 040, que administra um trecho da BR–040, informa que reforça as equipes de limpeza das estruturas de drenagem durante a chuva e que implantou 330 mil tachas refletivas. Em seu site, a Autopista Fernão Dias, que administra o trecho sul da BR–381, diz que realiza operações para aumentar a segurança dos usuários.

 

Período leva para as estradas motoristas sem experiência

O período chuvoso em Minas Gerais coincide justamente com as festas de fim de ano e com as férias, que trazem dois componentes que contribuem para o aumento do número de acidentes. O primeiro é o volume de veículos nas rodovias, que cresce nessa época. O segundo é que, com as festas, o consumo de álcool aumenta, e muitos condutores desrespeitam a lei e dirigem bêbados.

O assessor de imprensa da Polícia Rodoviária Federal (PRF), inspetor Aristides Júnior, explica que essas situações levam para as estradas pessoas sem experiência. “Durante o ano, as pessoas que pegam estrada são motoristas que fazem esse trajeto com frequência. Nas férias, muitas condutores o estão fazendo pela primeira vez”, explica.

Aristides destaca ainda que até o peso do veículo interfere para aumentar os riscos de acidente. “O motorista dirige o ano inteiro o carro sozinho, e, nessa situação, o carro freia de forma mais fácil. Já na viagem de fim de ano, o carro está com mais passageiros e com bagagem. Essa diferença vai aumentar a distância necessária para que o carro consiga parar”, afirma.

O consultor de trânsito Osias Baptista afirma que outra falha que contribui para o número de acidentes é a formação dos condutores. “A pessoa nunca treinou nem em avenidas enquanto fazia autoescola, porque é proibido. Sem nunca passar nem na avenida Amazonas, assim que ela tira carteira pode pegar estrada”, critica.

 

Fonte: O Tempo ||http://www.otempo.com.br/cidades/chuva-aumenta-30-n%C3%BAmero-de-acidentes-nas-brs-de-minas-1.1413760

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