Na semana em que uma pesquisa do Instituto Paraná mostrou Romeu Zema (Novo) como franco favorito na disputa eleitoral de 2022 pelo comando do Estado, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDS) – que, segundo o mesmo levantamento, é, hoje, o principal adversário dele na briga pela reeleição -, recebeu a cúpula nacional do PT e falou sobre a construção de uma frente mineira contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que goza de irrestrito apreço do atual governador. 

No encontro, do qual participaram o ex-candidato do PT à presidência em 2018, Fernando Haddad, a deputada federal Gleice Hoffmann, presidente nacional da legenda, e o ex-governador mineiro Fernando Pimentel, Kalil disse que a sucessão de 2022 não foi tratada entre os interlocutores. Após a conversa, contudo, admitiu ser necessário construir uma agenda mais social e de oposição ao presidente Bolsonaro a partir de Minas Gerais – movimento que teria a presença de diversas lideranças, inclusive petistas.

“Embora tenhamos (ele e o PT) pontos discordantes, é muito claro que entendemos ser necessário governar para os mais pobres, para os que passam necessidade. Temos que construir uma agenda que defenda isso, ao invés da retirada de verbas para a saúde e educação”, disse o prefeito.

Pela manhã, o governador Zema reuniu-se com o presidente da Assembleia de Minas, Agostinho Patrus (PV), para a entrega de três projetos de Lei de interesse do Estado. Um deles trata de adequações nas propostas para adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal. Outro, que promete gerar polêmica, prevê a criação do Centro Mineiro de Controle de Doenças e Pesquisa de Vigilância em Saúde (CMC), como estratégia para fortalecer a Fundação Ezequiel Dias (Funed).

O terceiro – e, talvez, mais importante – pede autorização legislativa para inclusão de recursos do acordo de reparação entre o Estado e a Vale, referente à tragédia de Brumadinho, no orçamento do Estado. Apontado por analistas como possível trunfo eleitoral de Zema, o acerto entre o governo e a mineradora, que totaliza R$ 37 bilhões, recebeu vigorosa espetada de Kalil.

“Esse acordo é uma indecência. Temos que deixar de aceitar que as pessoas sejam soterradas, que joguem lama na cabeça delas e depois façam um acordo que não vai acabar com o sofrimento das pessoas”, afirmou Kalil.

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Minas Gerais foi o ponto de partida de um giro nacional que será feito pelo ex-candidato à presidência da República, Fernando Haddad, e a cúpula do PT, visando a começar os entendimentos para as eleições de 2022. Em Minas, além do encontro com Kalil, Haddad, Gleice Hoffmann e Pimentel também tiveram agendas com as petistas Marília Campos e Margarida Salomão – prefeitas de Contagem e Juiz de Fora, respectivamente – com o presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV). 

Embora afirme que os encontros serviram prioritariamente para tratar de temas urgentes de 2021 – como a PEC do auxílio-emergencial -, Haddad disse que é necessário discutir a “defesa” do Brasil. “O importante agora é debatermos uma agenda que impeça o desmonte que o atual governo está fazendo com o país. Precisamos ter o entendimento de que neste momento isso é o mais importante”, afirmou o ex-ministro, que, em todas as reuniões, entregou aos interlocutores estudo desenvolvido pela Fundação Perseu Abramo sobre os principais problemas brasileiros na atualidade.

Ao ser questionado sobre a visita a Minas, Haddad afirmou que o Estado precisa ser colocado em um patamar de importância diferente do que vem tendo. E elogiou o prefeito Alexandre Kalil (PSD): “Minas não pode ser considerada apenas por ser o segundo colégio eleitoral do país. Tem uma importância maior do que isso e tem que ser levada em conta. Em relação ao prefeito Kalil, é um nome importante e que tem fr ser ouvido não só pela cidade que governa, mas também pela forma como tem se posicionado durante toda a pandemia”, admitiu Haddad.

A conversa entre Kalil e os petistas também abordou as vacinas. Kalil fez críticas sobre a impossibilidade de que Estados e municípios possam fazer tais aquisições, a não ser que a União deixe de atender a demanda. “O que nós precisamos é de vacina. Se me deixarem comprar, compro na hora”, enfatizou.

Fonte: Hoje em Dia

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